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Filme conta a história real das lésbicas que se casaram na Igreja Católica

O longa, disponível na Netflix, revela a história real do primeiro casamento homoafetivo selado pela Igreja Católica, na Espanha em 1908.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 5 jul 2022, 21h55 - Publicado em 5 jun 2019, 14h21
Elisa e Marcela Netflix
 (QUIM VIVES/Netflix)
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Depois de reconstruir o que se sabe da história de Madeleine McCann e do assassinato de Gianni Versace, a aposta da vez da Netflix é a história real do primeiro casamento lésbico celebrado pela Igreja Católica. O filme é da diretora Isabel Coixet e tem como título “Elisa e Marcela”, o nome das duas professoras que se casaram. Na trama, elas são interpretadas por Natalia de Molina e Greta Fernández, respectivamente.

Ainda que o casamento homoafetivo tenha se tornado legal na Espanha em 2005, as duas mulheres viveram a grande aventura de selar o matrimônio em 1901. Entretanto, isso só foi possível porque Elisa foi transformada em Mario, um falecido primo dela. Para deixar a história mais verídica, elas inventarem que Mario tinha vivido a infância em Londres e o pai era ateu. O fato da figura paterna de Elisa ser desconhecida ajudou a mentira ficar mais fácil de ser contada.

O padre da paróquia de Dumbría, na cidade de A Corunha, comprou a invenção das jovens. Ele batizou Elisa (na versão Mario, óbvio!) e no dia 8 de junho de 1901, elas se casaram. Só que os comentários na aldeia em que elas trabalhavam como professoras começaram a ficar cada vez mais constantes, o que fez com que elas precisassem abandonar o local e ir para Portugal. 

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(QUIM VIVES/Netflix)

O que podia ser o começo de uma história livre de julgamentos, ficou ainda pior. No dia 16 de agosto do mesmo ano, elas foram detidas na cidade do Porto. Elas foram presas e, no meio da confusão, Marcela ainda estava grávida – até hoje não se sabe quem é o pai da criança.

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Com o mandado de prisão, o casal seria mandado de volta à Espanha, só que em um julgamento, elas foram absolvidas. Com a liberdade em mãos, elas fugiram para Buenos Aires, na Argentina, só que sem a filha que Marcela havia dado à luz em janeiro de 1902, e reconstruíram a vida. Para isso, elas mudaram de nome e conseguiram novos empregos.

Dois anos depois, em 1904, Elisa trocou as alianças com um milionário dinamarquês chamado Christian Jensen. Para ele, a professora apresentou Marcela como sua irmã, só que a mentira foi descoberta. Até hoje, a certidão de casamento de Elisa e Marcela, como Mario, não foi anulada.

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O filme emocionante criado por Isabel teve como fonte de pesquisa o autor Narciso de Gabriel. Ele escreveu um livro inspirado na história das duas, chamado “Elisa e Marcela – além dos homens“, e estuda o caso desde que soube dele.

Livro-do-caso-Elisa-e-Marcela
(Amazon/Reprodução)
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