Ela foi a única mulher ‘imune’ ao charme de James Bond
A atriz Honor Blackman, estrela de 007 contra Goldfinger, faleceu hoje (06) aos 94 anos
Ela será sempre conhecida pelos fãs de 007 como Pussy Galore, a piloto de aviões que deu uma surra em James Bond no filme Goldfinger. A atriz Honor Blackman faleceu hoje (06), em Londres, por causas naturais, aos 94 anos. “Ela faleceu em paz, cercada por sua família”, diz a nota.
A atriz não se importava por ser eternizada como Pussy Galore, mas fez campanha aberta contra duas caraterísticas da franquia do espião inglês: a idade das namoradas do personagem e o fato de serem chamadas de ‘Bond Girls’. Ela odiava isso, “são mulheres e atrizes”, reclamava. Por isso, não a ofenderemos aqui e ressaltamos que, como Pussy Galore, Blackman quebrou um paradigma importante na sua época: até hoje foi a parceira mais velha de James Bond em toda a franquia (ela tinha 39 anos na época).
Muitos puristas se queixam que o homossexualismo da personagem (claro nos livros) tenha sido disfarçado no longa. A única menção é quando ela alerta a Bond que é “imune” ao chame do espião. Sem fugir do clichê, como tradição Galore acaba se rendendo à sedução clássica de 007. Não antes de bater nele, claro. Ela é uma das personagens mais icônicas de todos os filmes de James Bond.
Honor Blackman era famosa na Inglaterra além de 007, ela também apareceu em Avengers (série de sucesso nos anos 60) e peças teatrais. Politizada, atlética e engajada, Black tinha uma voz rouca e uma beleza que a destacaram em seus papéis. Na Inglaterra era conhecida pela dicção perfeita do inglês, mas também por não levar desaforo para casa. Faixa marrom de judô, ela saiu de casa aos 17 anos quando o pai deu um tapa por vê-la maquiada. Ela retribuiu a agressão. Não foi a primeira vez que se impunha frente aos homens.
“Quando eu tinha 11 anos nocauteei dois meninos que estavam assediando meu irmão mais novo”, ela contou em uma entrevista. “Não suporto agressores. Minha mãe ficou horrorizada, mas eles tinham que aprender”, ela disse.
Seu primeiro marido era 13 anos mais velho e o casamento durou oito anos (“repleto de muito ciúmes”). “Naquele tempo seu marido estava sempre certo. Demorei para entender que eu era mais capaz do que alguns dos homens que conheci”, Blackman contou.
A química com Sean Connery em Goldfinger sugeriu para muitos fãs na época que algo a mais poderia ter acontecido, mas a atriz negou. “Ele era ótimo e o homem mais sexy que conheci, mas embora tentador eu fui fiel ao meu marido”, ela riu tempos depois.
Ela negou a honra de receber o título de ‘Dame’, pela Rainha. “Eles te oferecem o título e você pode recusar. Ficaram muito chocados quando eu recusei, mas como sou republicana seria muito hipócrita da minha parte aparecer no Palácio”, ela explicou.
Aos 70 anos ela foi diagnosticada com câncer de mama, mas foi curada depois de fazer tratamento. De arrependimentos, ela lamentava não ter feito muito Shakespeare no teatro.
A atriz foi homenageada na conta oficial de 007. “Ela era um talento extraordinário e um amado membro da família Bond”, diz o post.