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Documentário explora a importância do elogio além da aparência

"Repense o Elogio", de Estela Renner, mostra como eles podem reforçar estereótipos de gênero.

Por Priscila Doneda
Atualizado em 15 abr 2024, 13h10 - Publicado em 17 out 2017, 18h12

Qual é a primeira palavra que vem à cabeça ao elogiar uma menina? Em seu novo documentário, Estela Renner, cineasta aclamada por “O Começo da Vida“, aponta de que maneira os elogios de hoje podem influenciar o amanhã.

Em parceria com a Avon“Repense o Elogio” foi feito para mostrar a diferença entre o que é dito para meninas e meninos e como as palavras podem reforçar barreiras de gênero, além de impactar a autoestima dessas crianças.

“Iniciamos o projeto para falar dos elogios e da importância que eles têm na infância, mas rapidamente concluímos que estávamos falando de algo muito mais complexo, pois isso é só mais um traço de uma cultura que reforça estereótipos”, conta Estela.

A produção do documentário durou dez meses e foram entrevistadas mais de 80 pessoas nas cidades de São Paulo, Curitiba, Piracicaba, Santos e Recife. Entre elas, a cantora MC Soffia e as youtubers Carol Santina e Natália Correa, porta-vozes da nova geração. O filme foi criado também a partir de uma pesquisa online feita em várias regiões do Brasil, com o objetivo de checar os principais adjetivos falados a cada um dos gêneros.

Cerca de 80% dos termos utilizados pelos adultos para elogiar meninas têm relação com aparência e atributos físicos, como “linda”, “princesa” e “bonita”. Essas palavras são a expressão de uma cultura que acredita que elas precisam ser vaidosas, delicadas, emotivas, quietas, que devem usar roupas cor-de-rosa e fazer o serviço de casa, mas não podem praticar esportes ou desenvolver atividades consideradas “masculinas”.

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Por outro lado, 70% dos elogios direcionados aos meninos são ligados as suas habilidades, como “esperto”, “inteligente” e “corajoso”. A sociedade espera que eles sejam heróis, fortes, racionais, que salvem e protejam as princesas e nunca expressem os seus sentimentos.

“Inconscientemente, a maioria dos adultos elogia meninos e meninas de forma diferente e, apesar de parecer inofensivo, essas palavras têm um poder enorme de estabelecer normas e condicionar quem as está recebendo. Se, por um lado, os elogios nos motivam, por outro, eles também nos limitam. É por isso que essa campanha é tão importante: nos mostra como cada um de nós, por meio de ações simples, acaba ajudando a perpetuar estereótipos ou romper barreiras”, explica Gabriela Tebet, pedagoga e pesquisadora de temas ligados à infância.

“Em uma sociedade machista e patriarcal, não é coincidência que os elogios feitos aos meninos sejam superiores aos que são feitos às meninas. Para desconstruir o machismo, é preciso desmontar primeiro os estereótipos de gênero – e um deles é o elogio”, aponta Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil.

Então estamos todas proibidas de dizer que nossas pequenas são princesas? Não é bem assim. “Não há qualquer problema em chamar uma criança de linda, mas essa não pode e nem deve ser a sua única qualidade. É preciso, portanto, ampliar o repertório de elogios e lembrar que meninas e também meninos são lindos, inteligentes e muito mais que apenas isso“, esclarece Gabriela.

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Além disso, dizer que uma criança é bela pode ser fundamental em muitos casos. “Ainda é preciso fazer elogios sobre beleza, especialmente para meninas negras, pois elas precisam desse sentimento de pertencimento. Antes, pessoas negras nem ouviam esse tipo de coisa”, destaca a atriz Taís Araújo.

“Não só na sociedade, mas na escola também, as crianças reproduzem o machismo e o racismo. Então, dentro de casa, tem que falar que isso não é legal. É importante a família incentivar, dizendo que ela é linda e forte, para que ela saiba que pode ser tudo o que quiser. Pode me chamar de princesa! Mas eu sou uma princesa que anda de skate, que joga futebol, que joga basquete!”, demonstra MC Soffia, uma das finalistas do Prêmio Claudia 2017.

Quando a diferença está sempre no outro, repensar os elogios, respeitar essas disparidades e dar acolhimento é essencial. Assim, a produção pretende mostrar que é preciso desnaturalizar o olhar sobre estereótipos de gênero. Para isso, as palavras podem, sim, ser usadas como ferramenta para construir um novo imaginário.

Confira o trailer de “Repense o Elogio”

https://www.youtube.com/watch?v=JB_hOy42g6s

O documentário está disponível no site www.repenseoelogio.com.br e pode ser visto gratuitamente.

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