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Charlize Theron e Margot Robbie comentam filme sobre assédio sexual.

O Escândalo revela histórias de mulheres que sofreram com abuso e assédio sexual por parte do CEO do canal Fox News

Por Marianne Morisawa
Atualizado em 30 nov 2020, 08h48 - Publicado em 3 jan 2020, 07h00

Ao ler a definição de assédio sexual no roteiro de O Escândalo, Margot Robbie teve uma revelação. “Foi insano, percebi que não compreendia totalmente o assunto. Descobri que receber atenção sexual indesejada fazia parte da acusação. E, sob essa ótica, eu não conhecia nenhuma mulher que não tivesse sofrido assédio sexual”, disse a atriz em entrevista a CLAUDIA, em Los Angeles. Dirigido por Jay Roach, o longa que estreia no final deste mês conta a história real de jornalistas da Fox News que denunciaram o então CEO do canal de notícias, Roger Ailes, por abuso e assédio..

Os crimes aconteceram durante duas décadas antes de virem à tona, em 2016, quando duas das estrelas da emissora, Megyn Kelly (Charlize Theron) e Gretchen Carlson (Nicole Kidman), levaram a questão para os tribunais. Ailes foi demitido e retomou seu trabalho como consultor político, atuando na campanha à presidência de Donald Trump. Margot Robbie interpreta Kayla, outra vítima de Ailes. A personagem fictícia foi inspirada na história de muitas mulheres que ficam impedidas de falar sobre o assunto por terem assinado termos de confidencialidade em busca de acordos na Justiça com a emissora ou com o agressor.

Quando o roteiro de O Escândalo, escrito por Charles Randolph, chegou à produtora de Charlize, ela topou na hora. “Queria contar essa história. Fora que para mim, que estou nessa indústria há muito tempo, era incrivelmente especial ter tantos papéis de qualidade para mulheres”, afirma Charlize, que concorre ao Globo de Ouro e ao prêmio SAG e deve estar entre as indicadas ao Oscar de melhor atriz. Além dela, de Nicole e de Margot (que também disputa o Globo de Ouro e o SAG como coadjuvante), estão no elenco Kate McKinnon, que interpreta uma produtora que precisa esconder ser lésbica na conservadora empresa, e Connie Britton, no papel da mulher de Ailes, entre outras.

Tantas personagens femininas dão ao filme a possibilidade de explorar várias nuances do complexo assunto. “Ninguém processa as emoções ou age da mesma forma”, justifica Charlize. “E acho importante a gente quebrar o estigma sobre a aparência e o comportamento, seja da vítima, seja do perpetrador.” O filme causa outra reflexão: devemos ouvir a vítima mesmo que não gostemos dela. Isso inclui não questionar casos em que mulheres procuram seus agressores e até se relacionam com eles. “Como sociedade, estamos começando a compreender melhor a psicologia em torno disso.

Existe legislação contra o assédio e o abuso. O que precisamos mudar são os corações e mentes da sociedade”, diz Charlize. Uma das formas de manter em silêncio um assédio é isolar a vítima. O filme mostra como as mulheres são colocadas umas contra as outras em vez de se apoiarem. “Elas ficam fortes quando se juntam e se unificam”, acrescenta Margot.

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Em uma das cenas, Kayla questiona Megyn sobre o silêncio dela por anos. Se ela tivesse falado, outras mulheres não teriam se tornado vítimas? “É importante perceber como as coisas mudam de uma época para outra”, ressalta Charlize. “O mundo era diferente. Talvez Megyn não visse outra opção a não ser ficar quieta. Não temos todas as mesmas experiências nem reagimos da mesma forma.”

Para a atriz, as mulheres da Fox News entenderam o poder da união só ao derrubar Ailes. E aí influenciaram mulheres em outras empresas. “A mudança está acontecendo, noto na minha indústria também. Mas não podemos achar que o jogo está vencido. O assédio continua ocorrendo. Temos que prosseguir lutando”, enfatiza Charlize. Essa luta, na opinião da atriz, precisa inserir os homens também. Ela não vê problemas em ter escolhido um homem para dirigir o roteiro escrito por outro homem. “A transformação só vai ocorrer de verdade se os homens forem incluídos nessa conversa”, afirma ela.

Margot não foi a única a aprender algo com O Escândalo. Após a primeira sessão pública do filme, um homem veio falar com ela sobre a cena em que Kayla é obrigada a levantar a saia para Ailes. “Ele me disse que ver aquela cena foi o mais próximo que ele poderia chegar de sofrer assédio sexual. Para mim, o fato de um homem assistir ao filme e ter empatia pelas mulheres que passam por isso é importantíssimo para o movimento e para a transformação da sociedade.”

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