As irmãs Pétala e Isa Souza repensam o mundo através da literatura e do afrofuturismo
Por meio do perfil @afrofuturas no Intagram e da participação no universo literário, elas desbravam novos futuros
Elas chegam em casa, respiram tranquilas e abrem as janelas. Todos os dias as irmãs Pétala e Isa Souza dedicam tempo a esses afazeres por um objetivo maior: conhecer outros mundos. E conseguem. É que as janelas, na verdade, são livros. Escritoras, pesquisadoras e donas de projetos para incentivar a leitura, elas encontram nas páginas de obras literárias uma ferramenta para conhecer e transformar a realidade.
O começo da relação das irmãs Pétala e Isa Souza com a literatura
Pétala deu os primeiros passos rumo às letrinhas aos 4 anos. Aprendeu a ler sozinha e, ainda muito pequena, descobriu que também poderia escrever. “Sou autista e meu hiperfoco é a leitura e a escrita”, explica. Criava as histórias em cadernos, guardava em caixas e dizia que eram seus livros.
Aos 9 anos, conseguiu sua primeira publicação em um jornal de Guarulhos (SP). Na adolescência, escreveu poesias. Mais tarde, foi para a faculdade de moda, entrou no projeto Reserva Cultura, da USP, e se aproximou da biblioteca comunitária, onde descobriu o poder de ler em conjunto e se reconectou com a ficção científica.
Essa paixão de Pétala foi o que levou a caçula, Isa, na adolescência, para o universo literário. Mas o que mudou de vez sua relação com as obras foi a escola técnica, onde cursou o ensino médio e passou a exercitar o pensamento crítico. “Começamos a refletir mais profundamente sobre literatura e suas conexões com questões sociais”, conta Isa. As irmãs liam juntas, comentavam sobre as histórias e repensavam o mundo.
A criação do perfil @afrofuturas e a busca por diversidade na literatura
Dessa união nasceu outra. Pétala e Isa começaram a criar conteúdo para as redes sociais sobre literatura através do perfil @afrofuturas. O nome referencia o afrofuturismo, movimento dedicado a inventar novos futuros às populações negras por meio da ficção científica. No transporte, em casa ou na escola, milhares de pessoas passaram a andar acompanhadas dos escritos depois de esbarrar no trabalho das irmãs.
Em 2017, decidiram criar a hashtag #LeiaRepresentatividade, um incentivo para as obras que abordam identidades diversas, como de pessoas negras, indígenas ou com deficiência.
Queriam que o público fosse além dos mesmos livros, com os mesmos personagens, dos mesmos autores, porque reconhecem o poder de encontrar histórias semelhantes — e diferentes — das suas. “A literatura é uma janela para outros mundos. Se buscamos diversidade, essa janela se abre para outras perspectivas”, defende Pétala.
Como parte dessa missão, lançaram os livros Vozes Negras, Poetas Negras Brasileiras uma Antologia e Raízes do Amanhã: 8 Contos Afrofuturistas. Agora, estão desenvolvendo uma ficção especulativa para jovens adultos e se aventurando na literatura infantil. Assim elas seguem: arejando mentes e ampliando horizontes.
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