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“Adoráveis Mulheres” consegue ser moderno mesmo com um enredo do século 19

O filme, que estreia hoje (9), é a sexta adaptação cinematográfica do clássico "Mulherzinhas", da escritora Louisa May Alcott

Por Colaborou: Maria Clara Serpa
Atualizado em 17 fev 2020, 10h25 - Publicado em 9 jan 2020, 18h40
 (Sony Pictures/Divulgação)
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Hoje, a exatamente um mês da cerimônia do Oscar 2020, um forte candidato às indicações que serão divulgadas na próxima segunda (13) foi lançado no cinema brasileiro. “Adoráveis Mulheres”, inspirado no clássico “Mulherzinhas” (1868), de Louisa May Alcott, é a sexta adaptação da trama só para o cinema — a história também já foi contada em várias peças de teatro, óperas e séries.

O enredo de época acompanha o crescimento das quatro “irmãs March”, Jo, Beth, Meg e Amy, durante o período da Guerra Civil americana (1861 – 1865). Quando a pai vai lutar na guerra, elas e a mãe precisaram se virar para sobreviver em um mundo no qual as mulheres tinham pouquíssima voz. Com personalidades e desejos completamente diferentes, as meninas entram na vida adulta com apenas uma coisa em comum: a vontade de poder fazer o que querem, sem se preocupar com as imposições da sociedade.

Apesar de, 150 anos depois do lançamento, “Mulherzinhas” ser aparentemente uma história “batida” devido às várias adaptações, a versão da diretora Greta Gerwig merece atenção. Conhecida por ter sido uma das poucas diretoras já indicadas ao Oscar (ela concorreu ao prêmio pelo filme “Lady Bird: A Hora de Voar”, mas perdeu a disputa para Guillermo del Toro, de “A Forma da Água”), ela reuniu um time de peso para a produção, com atrizes já consagradas. A trama tem Meryl Streep no papel da tia das meninas e Laura Dern, vencedora do Globo de Ouro deste ano, como a mãe. Para interpretar as protagonistas, a diretora escalou Emma Watson (Meg), Florence Pugh (Amy), Eliza Scanlen (Beth), e Saoirse Ronan (Jo), que já foi indicada ao Oscar de melhor atriz outras três vezes, incluindo pelo outro trabalho dela com Gerwig, em “Lady Bird”.

Ao aceitar o desafio de criar mais um filme sobre o clássico da literatura, Greta corria o risco de cair na mesmice, mas conseguiu o balanço perfeito entre ser fiel ao texto de Alcott, sem deixar completamente de lado o romantismo característico dos filmes de época, e atualizar o enredo (um dos pontos altos do longa é poder perceber claramente ser uma história contada a partir de um ponto de vista feminino). Para trazer um tom ainda mais feminista e torná-lo mais condizente com a realidade atual, a diretora se inspirou muito na história de vida da autora, que nunca se casou, precisou se esconder atrás de um pseudônimo masculino para escrever e foi a primeira mulher a votar na sua cidade, anos antes da Constituição Americana definir o direito.

“Adoráveis Mulheres” é construído de forma não linear e é extremamente atual ao tornar o direito de escolha da mulher a principal discussão da trama e deixar um pouco de lado as relações amorosas. As irmãs buscam, cada uma da sua maneira, destruir a ideia do patriarcado. Apesar de terem objetivos diferentes Jo quer virar escritora e Amy sonha em se casar, por exemplo ao longo do filme as meninas entendem que, na verdade, o mais importante é que elas tenham poder de escolha e dão um show de sororidade, respeitando as escolhas umas das outras.

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