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A luta de Sonia Guimarães pelo fim do conservadorismo na ciência

Primeira mulher negra doutora em física no país, a professora briga por mais espaço para as mulheres no campo das exatas

Por Camilla Venosa
Atualizado em 23 mar 2020, 17h59 - Publicado em 23 mar 2020, 17h17

Tentando romper antigas barreiras, as cientistas brasileiras ainda sofrem com pouquíssimo espaço no privilegiado universo da tecnologia. Ao falarmos sobre presença feminina negra, então, essa falta de reconhecimento é ainda maior. Segundo dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, dos 63.234 docentes brasileiros, apenas 251 são mulheres negras, o que representa 0,4% do total. Situação que Sonia Guimarães conhece bem. Uma das figuras mais importantes na luta por representatividade no campo científico e acadêmico, ela é a primeira brasileira negra doutora em física.

Sou a primeira doutora negra em física do Brasil e fui a primeira mulher negra a dar aula na física do ITA, e eles nunca me perdoaram por isto”

Sonia Guimarães

Nascida em Brotas, interior de São Paulo, a inteligência e determinação de Sonia davam sinais já na infância. Filha de pai tapeceiro e mãe comerciante, ela estudou a vida toda em escola pública e, desde cedo, se destacava por excelentes notas, principalmente em matemática.

Aos 17 anos, começou a conciliar estudos e trabalho. E com o dinheiro que ganhava decidiu bancar um cursinho pré-vestibular. Seu sonho? Estudar engenharia civil.

Mas os planos da jovem mudaram ao ser aprovada em Física na Universidade Federal de São Carlos, sua segunda opção. Sonia não pensou duas vezes. Fez as malas e partiu em busca de um sonho que já não era só dela: foi a primeira pessoa de sua família a ingressar no ensino superior.

Os primeiros desafios se fizeram presentes logo de cara. Em uma sala com 50 alunos, apenas cinco eram mulheres. Foi então que percebeu a necessidade de encontrar seu próprio espaço lá dentro. No segundo ano da faculdade, como um sinal de que estava no caminho certo, conheceu e se apaixonou por Física Moderna – campo no qual acabou se especializando.

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Seguindo sua paixão pelos estudos, optou por trilhar uma carreira acadêmica. Da graduação entrou para o mestrado na Universidade de São Paulo, e de lá para o doutorado na University of Manchester Institute of Science and Technology, na Inglaterra. Em 1989, retornou ao país como a primeira mulher negra doutora em física do Brasil.

Em 1993, depois de passar por algumas universidades públicas, tornou-se a primeira professora negra do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que à época não aceitava mulheres como estudantes- o que só viria a acontecer três anos mais tarde.

(Reprodução/TV Globo)

Desde então, Sonia é voz ativa na luta contra a exclusão das mulheres em um dos mais tradicionais institutos de pesquisa do país. Em 2020, dos 120 aprovados no ITA, apenas 10 eram mulheres. Infelizmente, os dados não são exclusividade da instituição. De acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), até 2015, apenas 12 mil mulheres estavam envolvidas com pesquisas em tecnologia e engenharias, contra 22,4 mil homens.

Atualmente, a professora atua em física aplicada, com foco em Propriedade Eletróticas de Ligas Semicondutoras Crescidas Epitaxialmente. Aos 62 anos, as contribuições de Sonia vão além do campo docente. A cientista é mantenedora da Universidade Zumbi dos Palmares e participa de projetos de educação para estudantes carentes e frentes feministas.

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Com um empurrãozinho de Hollywood

O filme Estrelas Além do Tempo (2016), que conta a história de três cientistas negras consideradas peças-chave na corrida espacial americana, mudou a visibilidade do trabalho da professora. A estreia do longa desencadeou uma busca por cientistas negras pioneiras no Brasil, o que levou o nome de Sonia Guimarães para a lista dos mais buscados. Desde então, sua luta ganhou força.

 

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