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Verdadeira Natureza, por Mariana Ferrão

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Mariana Ferrão é jornalista, palestrante e CEO da Soul.me, empresa especializada em bem-estar, qualidade de vida e desenvolvimento humano. Aqui, marca um encontro quinzenal com as leitoras - e consigo mesma
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Sobre medos!

Sinto que conversar sinceramente com os medos me ajuda muito a ter mais coragem na vida

Por Mariana Ferrão
14 ago 2023, 13h13
superando o medo
De tempos em tempos, gosto de sentar e ouvir meus medos (Ponomariova_Maria/Getty Images)
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(Aviso às leitoras: de tempos em tempos, gosto de sentar e ouvir meus medos. Sinto que conversar sinceramente com eles me ajuda muito a ter mais coragem na vida. Portanto, vocês estão prestes a ler uma coluna pautada num diálogo íntimo)

Envelhecer tem sido bom. Gosto mais de mim.

Me sinto mais eu, apesar das olheiras. Aprecio mais os prazeres que meu corpo é capaz de me dar e especialmente os conselhos da minha intuição. Sinto menos pressa e isso me agrada tanto! Quando penso sobre envelhecer talvez meu maior medo já tenha sido o de não ser amada, mas o que tenho percebido é que é gostoso demais ser amada mesmo quando não me acho tão bonita.

Ontem meus filhos estavam lendo “Histórias de Ninar para garotas rebeldes”- são vários contos curtos sobre mulheres que fizeram História no Brasil. Eles me perguntaram: tem você no livro, mamãe? Eu disse que não, porque não era tão importante quanto elas. O Mig respondeu: “claro que é. Para mim é.” E o João disse: “se todas elas morressem não iam fazer a menor falta, mas você me faria muita!”

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Parar de buscar ter valor para todo mundo e ser valiosa para quem tem muito valor para a gente – o quanto isso é precioso!

Outro medo meu é de ir tão rápido e não conseguir parar. Este me atormentou muito, muito tempo. Mas ao contrário, de ponta-cabeça talvez.

O medo de parar. Sempre tive muito medo de parar. 

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Hoje sinto que pela primeira vez este medo de ir tão rápido e não conseguir parar tem me visitado. Gosto dele. Ele me lembra sobre a minha necessidade de estar comigo, sobre respeitar meus ciclos, minhas pausas, meus silêncios, meu relógio interno, meu próprio tempo.

Outro dia sonhei que entrava numa loja. Eu queria apenas uma peça de roupa simples, mas estava rolando um evento, com champanhe e venda de uma coleção caríssima. As vendedoras me reconheciam e já colocavam uma taça na minha mão, queriam me vender um milhão de produtos – desde blazers até uma linha completa de skincare.

Eu só queria resolver logo, comprar a camiseta que havia ido procurar e sair de lá. O evento estava cheio de mulheres bem arrumadas, mas que pareciam super fúteis.

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Contei o sonho à minha terapeuta e ela me perguntou qual medo morava neste sonho.

Respondi que  tenho medo de ser reconhecida como uma pessoa fútil e famosa, algo que muita gente projeta em quem trabalha ou já trabalhou na televisão.

Já tive medo de me enxergarem diferente do que sou.

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Mas hoje o que me importa mais é como eu me vejo e, definitivamente, famosa NÃO é como me defino, mas sinto a “fama” como um privilégio conquistado e, muitas vezes, útil para a minha missão de vida: tocar o coração das pessoas para que elas possam se escutar cada vez mais.

Também já tive medo de me casar sem estar apaixonada – e estou muito feliz que isso não está acontecendo agora.

Medo de atrasar para algum compromisso – talvez essa sensação de não conseguir fazer tudo tenha vindo me visitar porque estou com muita vontade de desistir de algumas coisas – o que é ótimo. Também tenho conseguido lidar mais com a sensação de que estou esquecendo algo. Se esqueci é porque era para esquecer. Acharei solução, talvez melhor até, para lidar com o esquecimento. 

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Também tenho medo de gastar dinheiro com coisas desimportantes, contribuir para a destruição do planeta. Vixe! Este medo é grande! Tenho tentado aprender cada vez mais para tornar minhas escolhas mais conscientes. Também tenho tentado consumir cada vez menos para preencher meus vazios existenciais e, ao mesmo tempo, me permitido reconhecer e bancar o que é realmente importante e valoroso para mim.

Mas talvez meu maior medo seja não ter mais horizonte, não poder mais pisar na grama, não me sentir abraçada pelo mar, não ver nunca mais um carcará, uma borboleta ou um beija-flor voando – uau! Ver a natureza desaparecer – já pensou?! Nem quero pensar. 

Vou buscá-la. Especialmente dentro de mim.

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