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Verdadeira Natureza, por Mariana Ferrão

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Mariana Ferrão é jornalista, palestrante e CEO da Soul.me, empresa especializada em bem-estar, qualidade de vida e desenvolvimento humano. Aqui, marca um encontro quinzenal com as leitoras - e consigo mesma
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Fiquei com vontade de te perguntar: qual a magia do Natal para você?

Todas nós, todos nós podemos fazer mágica quando seguimos o nosso coração!

Por Mariana Ferrão
21 dez 2022, 06h23
magia do Natal
Era tão gostoso ouvir o meu avô, que mesmo para nós, crianças, os presentes acabavam nem sendo a parte mais empolgante da noite. (supersizer/Getty Images)
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Quando eu era criança, tinha uma caixa de sabonetes comprados no free-shopping (ainda não se chamava duty-free) que eu guardava só para tomar banho na noite do 24 de dezembro. Escolhia o mais perfumado e o cheiro era sempre a primeira camada do que eu ia vestir.

Depois, a roupa, escolhida com cuidado, o sapato novo de verniz, ou de couro branco, com fivelinha delicada. No cabelo, algum penteado que eu já havia treinado por mais de um mês.

Escrevendo agora para vocês, percebo que talvez parte da magia da noite de Natal para mim fosse esta permissão para fazer delicadezas comigo mesma. Eu, que era chamada de “brutamontes” pela minha mãe, me sentia meiga e feminina.

No caminho da casa do meu avô Laertes, eu e meu irmão íamos brincando de contar quantas casas enfeitadas pelas luzinhas coloridas víamos pelo caminho. Às vezes, nos surpreendíamos com fachadas e árvores decoradas e chamávamos a atenção do meu pai e de minha mãe, que paravam a conversa para olhar pela janela da nossa Belina bege. No apartamento do meu avô, além da família, amigos passavam para conversar e especialmente para trocar abraços carinhosos.

Meu avô sempre foi muito querido por muita gente. E, no Natal, ele se soltava: era o leitor oficial da entrega dos presentes. Pegava um a um e não apenas distribuía, mas inventava dedicatórias fictícias como se ele fosse a pessoa que estava presenteando. Então, se o presente fosse meu para meu irmão, por exemplo, ele dizia algo do tipo: “este presente é para uma pessoa que eu amo muito, que está ao meu lado desde que nasci, que sempre gostou de brincar comigo de cabaninha, de jogar taco, truco e que agora fica chateado quando eu pego os CDs dele sem avisar.”

Assim, ele criava um mistério que nos fazia tentar adivinhar para quem era o presente e também nos intrigava para saber o que ele diria sobre nós, através do olhar dele, fingindo ser o olhar do outro.

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Meu avô era psicanalista, foi presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise por muitos anos e era um deleite entender como ele “entendia” as pessoas. Era tão gostoso ouvi-lo, que mesmo para nós, crianças, os presentes acabavam nem sendo a parte mais empolgante da noite.

Aliás, acho que ali, meu avô plantou a semente de como hoje eu enxergo a troca de presentes: eu amo presentear, muito mais do que receber. Mas porque, para mim, o maior presente é pensar na pessoa que vou presentear. Sentir como ela me toca e como eu posso toca-la. Muitas vezes, isso nem envolve dinheiro, mas um cartão, um gesto, uma lembrança, ou algo que faça sentido apenas entre a gente.

No decorrer dos anos, tudo isso foi mudando: minha avó que preparava as mais maravilhosas comidas natalinas morreu, depois minha mãe, depois meu avô, enfim…Os ciclos da vida. Mas sinto que tudo que eles plantaram segue aqui dando frutos mágicos. No Natal eu fico mais sensível, mais grata, me autorizo a mandar mensagens amorosas para quem fez parte do meu ano e para quem nunca quero que deixe de fazer parte da minha vida.

Sinto que devo dizer para vocês, leitoras e leitores, que me senti muito acolhida em 2022 neste espaço. Fiz tantas confissões aqui este ano! Recebi tantas mensagens carinhosas sobre os textos! Tomara que em 2023 a gente fique ainda mais pertinho e que a gente possa ver mais magia em todos os dias do ano. Sinto de dizer também que, talvez, você não veja nenhuma magia no Natal. Que o fim de ano te deixe angustiada(o), ansiosa(o) e com medo de ficar endividada(o). Tá tudo bem! Conheço muita gente assim.

Mas quero contar uma última história: semana passada um amigo me disse que, com 30 anos, se libertou do Natal da família e criou, com um grupo de amigos, um novo Natal! O Natal dos escolhidos! Isso o fez ressignificar a noite do 24 de dezembro. 

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Eu adorei esta ideia: para você se acolher, quem sabe a solução não seja escolher um Natal com a sua magia

Todas nós, todos nós podemos fazer mágica quando seguimos o nosso coração! Que o seu presente seja a sua própria magia neste natal!

Obrigada pela companhia em 2022 e a gente se vê em 2023!

 

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