A etiqueta à mesa como uma ferramenta de inclusão
Saber como se comportar, evitando prováveis constrangimentos a você e aos outros, deveria ser encarado como um aprendizado positivo
Não chega a ser uma novidade que as regras de etiqueta social e à mesa dividem opiniões ao redor do mundo desde o final da Idade Média, quando foram criadas. Para alguns, muitas dessas normas de conduta e de comportamento não se adequam mais à sociedade atual que prima por outros padrões e defende novos valores.
Porém, para muitas pessoas, e eu, particularmente, me incluo neste grupo, essas práticas continuam sendo extremamente necessárias e fundamentais no convívio social pelo fato de serem, sem dúvida alguma, um importante parâmetro de respeito e educação ao outro.
Divergências à parte, posso afirmar a vocês que as regras de etiqueta vão muito além de questões como o uso correto de talheres ou se devemos ou não falar de boca cheia enquanto comemos. As regras de etiqueta à mesa fazem parte de uma questão cultural e não deveriam ser vistas como algo superficial ou mesmo como uma espécie de “tortura social”.
Pelo contrário. Ao longo dos tempos, essas regras se transformaram em um elemento de libertação contra a desigualdade das classes sociais. Se na corte francesa de Luís XIV elas serviam para distinguir os nobres e plebeus, conferindo à nobreza um status de superioridade, no cenário atual a etiqueta à mesa se tornou uma ferramenta de inclusão.
Afinal, saber como usar cada uma dessas regras a nosso favor pode nos abrir portas e nos levar a outros lugares, e não nos segregar como acontecia no passado. Talvez isso explique o fato desse tema estar sempre em evidência. Mesmo diante de toda informalidade imposta pelo mundo moderno, as regras de etiqueta social e à mesa continuam a funcionar como um elemento de promoção da imagem de cada um de nós.
É claro que muitas regras mudaram e se adaptaram à nova realidade que vivemos no mundo. No entanto, saber como se comportar, evitando prováveis constrangimentos a você e aos outros, deveria ser encarado como um aprendizado positivo. Acredito que ninguém goste de ser apontada (o) como uma pessoa que não sabe se comportar em algumas situações, seja num jantar social ou num almoço profissional, não é mesmo?
Mais do que nunca, precisamos entender a importância de viver harmoniosamente e respeitando algumas regras, e isso também se aplica à etiqueta social e à mesa, embora muitos ainda vejam com desdém essa questão e como frescura de privilegiados. Entretanto, uma clara demonstração de que o assunto tem sua importância, é a participação do cinema e da televisão como canais de conhecimento e discussão sobre o tema.
Inúmeros filmes e séries já nos mostraram, através de suas narrativas, as transformações sociais que foram acontecendo ao longo dos tempos e como algumas regras continuam tão importantes como antes.
Desde o final do ano passado, quando a série Etiqueta pelo Mundo, estrelada por Sara Jane Ho, professora de etiqueta internacional, estreou numa plataforma de streaming, o assunto voltou, mais uma vez, a ser debatido com entusiasmo em diversas rodas e nas redes sociais.
E a explicação por tamanho interesse de muitas pessoas é simples. Viajamos, trabalhamos e convivemos com pessoas de diferentes culturas. Saber como se comportar, respeitando os costumes de cada um e de cada lugar, faz toda diferença no nosso cotidiano social e profissional.
Que tal relembrar ou aprender algumas regras essenciais de etiqueta à mesa para não comprometer sua imagem pessoal ou profissional? Abaixo dou algumas dicas de regrinhas essenciais.
Higiene à mesa – Se quando nem sonhávamos com a pandemia a higiene à mesa já era fundamental, depois da crise sanitária se tornou obrigatória. Sentar-se à mesa e começar uma refeição sem lavar as mãos, ou limpá-las com um higienizador, é quase um desrespeito. Seja num jantar de amigos, familiar ou de negócios, mexer nos talheres e na comida que serão tocados por outras (os) sem estar com as mãos limpas é um deslize que deve ser evitado, não só por uma questão de etiqueta, mas de saúde.
Linguagem corporal – A forma como nos posicionamos numa cadeira durante um almoço ou jantar, e como interagimos com as outras pessoas, revela como estamos nos sentindo naquele momento. Converse olhando nos olhos de quem está interagindo com você, mantenha uma postura ereta, sentar-se como se estivesse praticamente deitado passa uma sensação de desleixo e desinteresse; evite gesticular muito à mesa, principalmente se estiver com talheres e comida nas mãos. Já imaginou se o talher escapa e cai em cima de alguém?
Etiqueta durante viagem – Ao viajar, fique atento às regras de etiqueta social e à mesa de cada local, pois elas diferem bastante de país para país. Muitas coisas que são comuns e rotineiras em nosso país, podem se revelar uma ofensa ou um problema em outro lugar. Mesmo dentro do Brasil, os costumes à mesa ou sociais podem mudar. Antes de viajar para qualquer lugar, pesquise sobre a cultura e o costume da cidade ou país que irá visitar. Essa é uma maneira inteligente de evitar constrangimento desnecessários.
Controle a ansiedade e a fome – Em caso de um almoço ou jantar mais formal na casa de amigos ou familiares, aguarde o anfitrião se servir primeiro. Em ocasiões mais informais, geralmente o anfitrião dá o “sinal verde” para que todos se sirvam à vontade. Nesse caso, você pode se servir com tranquilidade. Mas, atenção: não é de bom tom encher o prato, afinal existem outras pessoas à mesa. Repetir não é um problema, desde que você avalie a situação em relação aos outros convidados. Sempre é bom comer devagar, conversar, mas evite falar enquanto estiver comendo e mastigue de boca fechada. Com pequenas garfadas você não precisará de muito tempo para mastigar os alimentos. Parece óbvio, mas sempre é bom lembrar, né?
Uso adequado dos talheres – Se você se sente insegura (o) em jantares ou almoços mais formais, em que vários talheres são dispostos à mesa, mantenha-se tranquilo. Uma boa dica é sempre observar como os outros convidados estão usando os talheres e se comportando à mesa. Outra dica: ao perceber uma sequência de garfos e facas a cada lado do prato, comece sempre de fora para dentro, ou seja, comece pelos que estão mais afastados do prato. Eles representam a ordem em que cada prato será servido.