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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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Uma aula de reinvenção com Chris Aché

Ao longo da vida, precisamos evoluir. Conversei com uma das maiores executivas do Brasil, que contou sua receita para aprender constantemente

Por Stéphanie Habrich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
7 Maio 2024, 16h00
Christiane Aché
Christiane Aché (Reprodução/Reprodução)
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Nesse mundo acelerado, que muda na velocidade de um piscar e olhos, a capacidade de se reinventar não é apenas desejável, passou a ser mandatória. Novas tecnologia, diferentes formas de se relacionar, múltiplos canais de comunicação… Tudo isso é realidade e exige de nós aprendizado contínuo e adaptação.

Como desenvolver essas habilidades – se é que podem ser desenvolvidas? Na minha visão, a melhor forma de fazê-lo é buscando benchmarks, ou seja, ouvindo pessoas que dominam o tema e podem ser citadas como exemplo a ser seguido.

Em matéria de reinvenção e adaptabilidade, a pessoa mais hábil que conheço é Christiane Aché. Com uma carreira de muito sucesso, ela se tornou uma das principais referências entre executivos de finanças do Brasil.

Apesar de ter trabalhado em poucas empresas, sempre soube se moldar (no melhor sentido da palavra) às diferentes demandas do mercado corporativo e até da sociedade. 

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Conheci a Chris através de amigas que são alunas do Advanced Boardroom Program for Women ABP-W, liderado por ela na escola Saint Paul. Este é um dos mais prestigiados cursos para mulheres que desejam ser conselheiras.

Ela também foi uma grande mentora num momento de crise que enfrentei em minha empresa. Com isso, fomos nos aproximando até viajarmos juntas para o SXSW, no último mês de março.

Ela é carioca, mas fala francês tão bem que me faz pensar que era francesa. Inclusive, a forma como aprendeu a falar o idioma diz muito sobre sua personalidade. Com apenas 15 anos, se mudou com a família para a França. Seus pais a matricularam numa escola francesa sem ela saber uma palavra sequer da língua.

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O estranhamento inicial a fez pensar em mudar de escola, mas seus pais fizeram uma pergunta que, segundo ela própria, marcou toda a sua trajetória: “Nós podemos mudar você para uma escola de língua inglesa, que você já domina. Mas este é o primeiro grande desafio da sua vida, você vai recuar?”

Ela decidiu permanecer na escola e se desdobrou para entender a língua e se desenvolver. “Esse não recuo foi fundamental para minha vida”, disse ela durante um papo que tivemos para essa coluna.

Em momentos difíceis de sua vida, como o seu divórcio, por exemplo, Chris se lembra daquela menina de 15 anos que superou tantas barreiras e encontra força para seguir em frente.

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Por que Chris é uma referência?

Chris trabalhou em grandes empresas como Aerospatiale, Alstom e GE, ficando sempre muitos anos em cada uma delas. Em todas as suas funções, foi uma praticante do aprendizado contínuo, o que permitiu que ela se reinventasse e desenvolvesse novas habilidades e conhecimentos o tempo todo, mesmo estando no mesmo CNPJ.

Conhecendo-a melhor, arrisco dizer que essa reinvenção contínua exigiu um tanto de ousadia. Um exemplo? Foi ela quem viabilizou a exportação de turbinas produzidas na cidade de Taubaté, no interior de São Paulo, para a construção da usina hidrelétrica de Três Gargantas, na China (uma obra gigantesca, equivalente a uma Itaipu e meia), nos anos 1990.

Com seu trabalho e persistência, ela conseguiu fechar o primeiro contrato de financiamento de exportação do BNDES. E detalhe: aceitou as condições do banco de fomento sem consultar o CEO da empresa, seu chefe.

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“Voltei para São Paulo e disse ao meu chefe ‘pode ser que você me demita hoje’”, lembra ela. Mas no fim deu tudo certo. “Eu fiz tudo isso porque eu tinha convicção de que seria muito bom para o Brasil”. 

Uma nova missão

Sua mais recente reinvenção foi ter migrado do mundo da indústria para o acadêmico, para liderar o curso de conselheiras da Saint Paul. Disposta a cumprir sua missão da melhor forma, mergulhou na andragogia para entender como o adulto aprende.

Outro trabalho no qual tem investido parte do seu tempo é o WOB (Women on Board), uma organização que reconhece as empresas que têm mulheres em seu conselho de administração.

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“Em vez de ficar reclamando que não tem mulher em conselho, a gente resolveu colocar o holofote nas empresas que têm no mínimo duas mulheres no board e certificá-las.”

Neste momento, ela está selecionando as participantes da 17ª turma do programa. Ela irá entrevistar 98 candidatas, para que 35 sejam escolhidas. “Eu poderia terceirizar? Poderia. Só que, se eu terceirizar, eu não farei a melhor turma possível”, diz, comprovando que sua busca pela excelência continua a mesma daquela garota de 15 anos.

Sobre o futuro, ela revela não ter um plano definido. “Eu era uma mulher de to-do list, agora, sou adepta da To-think list”.

Quantas lições de carreira de de vida! Obrigada, Chris. 

*Com participação de Silvia Balieiro

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