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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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A outra IA: o maior desafio do nosso tempo é a intimidade artificial

Este foi o tema da conversa entre Brené Brown e Esther Perel que acompanhei de perto no SXSW

Por Stéphanie Habrich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 abr 2024, 15h00

“Tenho mil amigos, mas não tenho uma única pessoa para alimentar meu gato.” Esta foi a frase que mais me impactou durante o painel que reuniu duas mulheres que admiro e acompanho há bastante tempo:  Brené Brown e Esther Perel. O conteúdo foi tão rico e me ensinou tanto, que não poderia deixar de trazê-lo aqui.

Ambas são grandes especialistas em relações humanas. Esther Perel é uma psicoterapeuta que trata com maestria questões sobre os relacionamentos modernos. Já escreveu vários livros e tem um podcast que acompanho assiduamente.

Brené Brown ficou famosa ao trazer o tema vulnerabilidade para as relações na vida e no trabalho. Suas palestras são sempre muito concorridas.

Tive a oportunidade de vê-las juntas no South by Southwest (SXSW) falando sobre IA, mas não a inteligência artificial. Elas falaram sobre a intimidade artificial, que tem a ver com os impactos da tecnologia nas interações entre as pessoas, seja no âmbito pessoal ou profissional.  “Nós não fomos feitos para viver dessa forma”, defenderam as duas.

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Estamos vivendo o que Perel denominou de perda ambígua, “a pessoa está lá fisicamente presente, mas não está lá psicologicamente e emocionalmente”.

Segundo ela, isso é o que está acontecendo em muitas das interações. “A intimidade artificial é a consequência de viver em um mundo sem contato, onde há muito pouco atrito,” alertou Perel.

“Analisando a vida moderna e as nossas conexões com pessoas que estão perto de nós ou nem tanto, há alguns sinais de alerta,” disse Brené Brown. “Tudo o que vivemos agora parece estar além da escala humana. Existe um ‘custo de vida’ que vai além de como estamos programados para viver.”

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Perel contou que uma das questões que mais escuta em sua clínica são queixas sobre solidão e falta de conexão. “A qualidade de nossa vida está diretamente ligada à qualidade de nossos relacionamentos”, enfatizou.

Paradoxalmente, vivemos conectados com problemas e pessoas do mundo todo, mas sem as conexões humanas que tanto precisamos. “Não tenho certeza se estamos socialmente, biologicamente e espiritualmente preparados para viver assim”, alertou a psicoterapeuta.

“Somos o grupo de pessoas mais hiperconectado da história, e o mais solitário,” disse Brown. Quando paramos para pensar sobre isso, é algo alarmante. Perel completou: “A solidão moderna se mascara de hiperconectividade”. 

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“Não tenho ninguém para alimentar o meu gato (…) mas mil pessoas me dão likes e todo o tipo de reação que agora se tornou a base da autoestima,” disse Brown.

“É irônico e interessante que os relacionamentos on-line exijam muito pouca vulnerabilidade real, enquanto relacionamentos pessoais são ‘um grande pé no saco’, – exigem muita vulnerabilidade, muita fricção e confusão”, afirmou.

“Onde está a espontaneidade? Onde está a improvisação?”, questionou Perel. “Esses são aspectos da vida que realmente te animam, te dão energia, te deixam curioso, te dão vontade de se aproximar do outro.”

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As especialistas complementaram alertando que isso virou um círculo vicioso. À medida que ficamos mais atrofiados, procuramos refúgio no nosso telefone, que se tornou um escudo contra a vulnerabilidade.

Perel contou que tinha o costume de pegar o metrô para interagir com pessoas e hoje não consegue mais. “Se há um contato visual com alguém, a pessoa logo olha de volta para o celular, tentando evitar a interação.”  

Elas afirmam que o telefone prejudica as nossas habilidades sociais, nos conectando e desconectando ao mesmo tempo. “Se estou mexendo no telefone enquanto falo com você, o que estou dizendo é que você é importante, mas não tanto,” alertou Perel.

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O ser humano precisa de atenção singular e focada, de escuta profunda. “A parte que é mais triste de tudo isso é que chegamos a uma situação em que não percebemos que estamos fazendo isso. Nem percebemos que não estamos presentes”, enfatizou Perel. 

Ambas são unânimes em afirmar que o ser humano precisa de contato, precisa estar junto de outras pessoas, trocar experiências, olhares, atenção.

O sofrimento precisa acontecer na companhia de outras pessoas. Fomos feitos para estar juntos, nas alegrias e nas tristezas. Não podemos delegar mais essa função aos nossos celulares.

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