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Por trás da moda

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Renata Brosina é jornalista, host de podcast e editora de moda com foco em luxo e sustentabilidade. Com 15 anos de carreira e alguns títulos internacionais no currículo, ela é curiosa, gosta de entrevistar e vestir pessoas, e analisar as transformações que vêm acontecendo no mercado.

Qual é o peso do comportamento de consumo de moda na sustentabilidade?

Com o crescimento dos brechós de luxo na internet, peças de temporadas passadas têm menos chances de ficarem esquecidas no guarda-roupa

Por Renata Brosina
Atualizado em 3 set 2022, 17h00 - Publicado em 3 set 2022, 08h59
Saddle Bag
A Saddle Bag, criada por John Galliano, mas ressignificada por Maria Grazia Chiuri e Kim Jones para a Dior.  (Christian Vierig/Getty Images)
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“Até que ponto a sustentabilidade está atrelada apenas ao material e não ao comportamento de consumo?”. Foi durante a pandemia que esta pergunta começou a fazer mais sentido na minha vida, como consumidora e não como jornalista. Estando grande parte do tempo em casa, comecei a reparar o quanto eu tinha no meu closet e que não seria usado nos próximos anos – ou nunca mesmo.

E, mesmo tendo informação o suficiente para entender que hoje a sustentabilidade é uma pauta de prioridade nas marcas de luxo, estava lá, eu, com pares de sapatos, com suas respectivas etiquetas, do mesmo modelo, só mudando a cor. Na mesma semana, fiz uma seleção de peças, coloquei em uma sacola, enviei para uma secondhand no formato de e-commerce e aliviei pelo menos, 60% do que tinha em casa. E olha que, no meio de tudo isso, tinham vários itens feitos com materiais conscientes e que durariam uma vida. Mas qual é o sentido de durar tanto tempo e passar grande parte disso empoeirado na minha casa?

A ficha demora, mas cai. Ainda mais tratando-se de um sistema que, há boas décadas, é considerado um dos mais poluidores do mundo. A indústria da moda tem suas responsabilidades, mas, falando sobre o luxo em específico, a corrida para reverter os danos, um pouco que seja, está acontecendo. E exemplos é o que não faltam. A Gucci lançou um portal para compartilhar projetos e ideias relacionadas à sustentabilidade chamado Gucci Equilibrium. Lá, você pode conferir a forma como lidam com os resíduos do pré e pós-consumo, o planejamento relacionado ao uso do plástico e os materiais usados em seus próprios produtos, entre eles o Demetra, que combina processos eficientes com matérias-primas livres de origem animal que são principalmente provenientes de fontes sustentáveis, renováveis e de base ecológica. Ele foi apresentado pela primeira vez nos tênis da marca como opção para substituir o uso do couro. E a proposta é que outras grifes, incluindo concorrentes, possam usá-lo. Já o Grupo Prada segue com apostas que vão do econyl, um tecido feito de nylon que pode ser regenerado continuamente sem perder sua qualidade, para a coleção Prada Re-Nylon e peças da Miu Miu, ao próprio projeto Upcycled by Miu Miu, que conta com uma curadoria de peças, espalhadas pelos brechós em alguns países, que são ressignificadas – e ganham bordados, aplicações e outros elementos que são clássicos da marca. E por aí vai. A lista é enorme, tanto de marcas quanto de boas transformações.

Mas, voltando à pergunta do início do texto, com as pessoas tão preocupadas em cobrar diversas iniciativas relacionadas à conscientização ambiental das grifes, será que elas olham para a forma como consomem? A moda de luxo já carrega uma ideia de durabilidade que atravesse gerações. As peças de cashmere da Brunello Cucinelli, a alfaiataria impecável da Giorgio Armani e as sedas da Hermès custam, sim, boas cifras, mas a intenção é que o consumidor não precise consumir tanto – mas poucos e bons.

Vestido vintage da Jean Paul Gaultier
Vestido vintage da Jean Paul Gaultier. (Gotham/GC Images/Getty Images)
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E, caso o cliente não esteja com intenção de continuar com a roupa, sapato ou bolsa, os brechós de luxo estão aí para dar continuidade ao ciclo. Só no Brasil, nomes como Etiqueta Única e Pretty New vêm crescendo em procura e em quantidade de desapegos – que podem ser o sonho de alguém. O termo em inglês “Upcycling”, que ganhou mais popularidade hoje em dia, ou também a própria “Economia circular”, traz o conceito de reaproveitar objetos e dar continuidade à sua vida. E, mais uma vez, os próprios designers estão dando uma forcinha para aquele termo “So last season” cair no esquecimento. O estilista Jean-Paul Gaultier, por exemplo, vem estimulado o uso de suas coleções antigas (também chamadas carinhosamente de “vintage”), assim como o ex-diretor criativo das coleções masculinas da Louis Vuitton, Virgil Abloh, começou a reaproveitar roupas e demais itens passados para novas criações.

A Prada, mais uma vez citada nesta coluna, é rainha em ressignificar seu passado – seja nas estampas, shapes ou até bolsas (veja o sucesso que é a bolsa Cleo, que pertence aos anos 2000 da marca). Outra it-bag que voltou à cena foi a Saddle Bag, criada por John Galliano, mas ressignificada por Maria Grazia Chiuri e Kim Jones para a Dior. Ou seja, esse vai e vem, seja de tendências ou de peças que representam o passado, é saudável para a moda e não é necessário sair correndo para a boutique e comprar um item recém saído da mão de um artesão.

Além de muitas vezes caber ainda mais no bolso, prolongar a vida de um produto tão precioso, feito de forma manual com muito cuidado nos ateliês das grifes, é fazer parte de um sistema fashion mais consciente e que estimula muitas pessoas a desapegarem do que não faz mais sentido no seu estilo. Claro, sempre vale ficar de olhos atentos às iniciativas das principais etiquetas de moda e entender quem está fazendo acontecer de verdade, mas, confie, tudo começa com a sua maneira de consumir. Muitas vezes, encontrar peças de coleções passadas de marcas de luxo, com preços justos, vale muito mais do que ir à fast fashion da esquina, comprar uma peça que vai durar pouco, virar lixo e ainda por cima esconde tanta irresponsabilidade social e ecológica por trás de preços tão pequenos. Porque o barato também sai caro, não é?

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