Mudanças nas grifes refletem incertezas e fragilidades no futuro do luxo
A temporada de Verão 2026 foi uma das mais marcadas por mudanças nas direções criativas. Mas será que uma primeira coleção já basta como veredito?
Onde o sol é mais forte, a sombra é mais escura. Na moda, essa mesma regra se aplica a um grupo seleto de grifes que alcançaram o pináculo da indústria do luxo e, invariavelmente, são raras as interferências capazes de ofuscá-las. No entanto, tamanha importância as torna vulneráveis a julgamentos e especulações.
Nos comandos criativos — tema que balançou as expectativas nos últimos doze meses —, suspense, ansiedade e medo do futuro expuseram fragilidades e incertezas, à beira de uma dança das cadeiras que começou a se resolver nesta temporada de Verão 2026, tanto em Milão quanto em Paris. E, claro, a primeira entrega é sempre a imagem que conta, ainda que nem sempre seja justo julgar uma estreia.
Mudanças criativas nas grandes grifes: como Prada, Armani e Gucci redefinem o luxo em 2026
A maior prova vem da Prada. Em fevereiro de 2020, Raf Simons se juntou a Miuccia Prada na cocriação da marca. À primeira vista, tudo parecia promissor, mas deixava margem à dúvida: como uma diretora criativa com narrativas tão estabelecidas poderia dividir a criação com um estilista de ideias tão distintas? O debut foi decepcionante. Para os acólitos da Sra. Prada, um choque minimalista que parece finalmente ter encontrado equilíbrio.
Dar tempo às adaptações, chegadas e partidas é essencial para o mercado. O diálogo entre os dois criadores é agora harmônico — e, neste Verão 2026, ainda mais sedutor. As peças parecem libertas das hierarquias impostas pela sociedade e, por isso, a silhueta se desprende do corpo.
O estudo de reconstrução do vestuário feminino surge como brincadeira leve e radical. As saias reúnem os elementos preferidos da estilista italiana, introduzindo assimetria. Os sutiãs abandonam a estrutura e os uniformes se deixam levar a um novo cenário: o vestido de festa. Há traços do designer belga, mas é Prada. Puramente Prada.
Antes de falar sobre os novos começos, é preciso reconhecer um fim — que sinaliza o encerramento de uma era. Emporio Armani e Giorgio Armani apresentaram suas últimas coleções orquestradas nos mínimos detalhes pelo próprio idealizador. Elegantes e atemporais, refletem o extrato máximo do luxo — patamar que poucos alcançam.
Mas, não muito diferente do tempo de vida de Armani, os responsáveis pelas apresentações conhecem intimamente o gosto e potência estética do fundador. O futuro não deixa dúvidas sobre a excelência que deve ser mantida diante de seu legado.
As estreias mais aguardadas do Verão 2026: quem acertou, quem decepcionou e quem surpreendeu
Quanto às estreias italianas, só bons frutos após um semestre de espera. Durante a abertura do calendário milanês, Demna Gvasalia surprendeu com “La Famiglia” — reacendendo o amor por Gucci — seja pelo visual ou pelo carisma que carrega.
O destaque não foi o lookbook compartilhado nas redes, mas o curta The Tiger, estrelado por Demi Moore e dirigido por Spike Jonze e Halina Reijn, com personagens vestindo as peças, das superdecoradas às versões mais “casuais”.
Na Bottega Veneta, sob o olhar de Louise Trotter, sopro de frescor com sequências de Intrecciato (trabalho manual assinatura da maison) em itens que fazem pensar: “Por que isso não foi feito antes?”. A Versace, com Dario Vitale, traz a reinterpretação contemporânea da mulher Versace: sensualidade intensa, sem saudosismo caricato.
O impacto dos novos diretores criativos no futuro das maisons italianas e francesas
Na França, entre Hermès, o primeiro prêt-à-porter de Glenn Martens para Margiela e a nova era da Balenciaga de Pierpaolo Piccioli (que resgatou o glamour perdido por mais de uma década), trava-se a grande batalha.
De um lado, Dior, com Jonathan Anderson, cria uma coleção feminina em tempo recorde, remodelando ícones da grife. Do outro, Matthieu Blazy, há quase um ano na Chanel. Nenhum foi de tirar o fôlego, mas Jonathan entregou o inédito, sem influência direta do tempo de Loewe.
Na Chanel, Matthieu, com acesso profundo aos arquivos, optou pelo seguro. Não decepciona, mas esperava-se mais — e menos influência de seu tempo na Bottega Veneta. Blazy, com acervo imenso de referências, deve evoluir, e qualquer julgamento precipitado seria desrespeitoso.
A avaliação justa ainda está por vir. Assim como o vinho, as duas maisons certamente ficarão melhores com o tempo. Mesmo revolucionárias, o jogo muda quando não está nas mãos de seus idealizadores. E é assim que Jonathan e Matthieu seguem expostos ao escaldante sol do meio-dia.
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