Outubro Rosa: Revista em casa por 9,90
Imagem Blog

Papo com Bella

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

Por que devemos ter mais mulheres no poder?

A presença feminina em espaços de destaque sempre foi tolhida. Agora, temos a chance de começar a mudar essa história

Por Izabella Borges
30 set 2022, 08h11
Mulheres na política
 (Getty Images/Getty Images)
Continua após publicidade

A Rainha Elizabeth II (1926-2022) talvez tenha sido o maior exemplo contemporâneo de uma figura feminina num lugar de poder. Entre tantas coisas, cuidou com esmero de um Reino Unido devastado pelo pós-guerra. Apesar de feitos questionáveis, um ponto deve permanecer: ela abriu caminhos.

Antes dela, vieram outras. Quando penso em política, gosto de conjecturar Cleópatra, egípcia que governou em um período conturbado, mantendo seu povo unido. Exaltada como deusa, escreveu dezenas de livros — queimados no incêndio da Biblioteca de Alexandria — e estudou medicina e a ação curativa das ervas, além de astronomia, astrologia, história, economia e diplomacia internacional. Poliglota, dominava o latim, o grego antigo e os hieróglifos. Apesar de grande líder e mulher erudita, foi marcada como sexualmente depravada, que mantinha seu poder pela sedução.

O suposto descontrole emocional e sexual das mulheres é a coluna espinhal do sustentáculo patriarcal. Às mulheres, a história reservou o lugar de tuteladas. Tuteladas pelos homens que as salvariam da “loucura”. Àquelas que ousaram desafiar, a fogueira, na Idade Média, foi o destino.

“Hereges”, “bruxas” questionaram as imposições de um tempo no qual a mulher deveria falar pouco. O Malleus Maleficarum — compêndio de normas que autorizou o assassinato de milhões — previa, por exemplo, que “elas são naturalmente mais impressionáveis e, portanto, mais maleáveis ao diabo. São faladoras e não conseguem deixar de transmitir os seus conhecimentos sobre magia”. A pena para as que “falavam demais” era a tortura. Para além da fogueira, havia afogamento, empalamento, entre outras práticas.

Nestas eleições, garantir o acesso das mulheres à política é simbólico

Izabella Borges
Continua após a publicidade

Mas note que a fala é o ato simbólico do poder. Quem fala, expressa. Angaria público, rompe padrões. Na contemporaneidade, as mulheres que ousam falar e ocupar espaços públicos seguem perseguidas. Seja ao modo medieval, com o ceifamento de suas vidas — como aconteceu com Marielle Franco e quase o foi Cristina Kirchner, salva por uma arma que falhou no disparo —, seja por métodos já muito naturalizados. Esses, baseados em uma cultura que insiste em manifestar o ódio às mulheres, em silenciá-las, como ocorreu com a vereadora Katyane Leite na Câmara Municipal de Pedreiras, no Maranhão, que teve o microfone violentamente arrancado de suas mãos por duas vezes pelo vereador Emanuel Nascimento, enquanto expunha seu ponto de vista.

Exemplos não faltam. Simone Tebet, durante a CPI da Covid-19, foi chamada de “descontrolada” por Wagner Rosário. Lembremos, ainda, de Isa Penna, cujo corpo, projetado como disponível às satisfações sexuais masculinas, foi apalpado em plena sessão na Alesp.

Nestas eleições, garantir o acesso das mulheres à política é simbólico. Em um país com 80% do poder legislativo preenchido por homens, eleger mulheres é mais que um dever, é uma revolução. Que manifestemos nossas vozes nas urnas para que outras possam ecoá-las em espaços de poder. Que busquemos a verdadeira representação: até quando permitiremos que eles, e entre eles, decidam os rumos da política brasileira? É hora de agir.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de 9,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.