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A mídia como campo de disputa: o alerta de Pequim e os desafios da CSW69

A desinformação e a manipulação de discursos ganharam novas dimensões, impulsionadas pela rapidez e pela capilaridade das redes sociais

Por Bella Borges
6 abr 2025, 06h30
Tudo o que você precisa saber da relação entre mídia e igualdade de gênero
Tudo o que você precisa saber da relação entre mídia e igualdade de gênero  (Freepik/Reprodução)
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Em 1995, a Plataforma de Ação de Pequim trouxe um diagnóstico preciso e alarmante: a mídia teria um papel central na promoção da igualdade de gênero, mas também poderia se tornar um obstáculo, perpetuando estereótipos, distorcendo narrativas e influenciando políticas públicas de maneira negativa.

Essa previsão, feita em um contexto onde os meios de comunicação de massa eram dominados por poucos grupos empresariais, mostrou-se ainda mais crítica com a ascensão das redes sociais. Hoje, na CSW69 (Comissão sobre a Situação das Mulheres da ONU), esse alerta ressurge com força, diante do crescimento global de discursos anti-direitos e da manipulação da informação como estratégia política.

Por que a mídia era uma preocupação em Pequim?

O final do século XX foi marcado por avanços nos direitos das mulheres, mas também por fortes reações conservadoras. A Plataforma de Pequim, assinada por 189 países, reconheceu que os meios de comunicação tinham um impacto direto na forma como mulheres e meninas eram percebidas na sociedade. Estereótipos reforçados pela publicidade, pela indústria do entretenimento e pelo jornalismo limitavam o papel das mulheres e normalizavam desigualdades estruturais.

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Além disso, a ausência de mulheres em posições de liderança na mídia e a falta de regulação sobre conteúdos sexistas impediam uma representação mais equitativa. Pequim propôs mudanças: maior participação feminina no setor, estímulo a conteúdos que promovessem a igualdade e regulação para evitar a perpetuação da violência simbólica.

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O alerta se concretizou: a mídia e as redes como campo de batalha

Fake news
O uso de campanhas coordenadas de assédio online tem o objetivo de descredibilizar mulheres em posições de liderança (sorbetto/Getty Images)

Se em 1995 a preocupação girava em torno dos veículos tradicionais, hoje o cenário é ainda mais complexo. A desinformação e a manipulação de discursos ganharam novas dimensões, impulsionadas pela rapidez e pela capilaridade das redes sociais. Grupos organizados se aproveitam desse espaço para espalhar discursos misóginos, atacar ativistas, distorcer pautas feministas e impulsionar retrocessos em direitos já conquistados.

Essa ofensiva anti-direitos não acontece ao acaso. O uso de fake news, deepfakes e campanhas coordenadas de assédio online tem o objetivo claro de descredibilizar mulheres em posições de liderança, silenciar vozes dissidentes e promover uma cultura do medo. O impacto disso é real: pesquisas apontam que muitas mulheres, especialmente jornalistas e figuras públicas, são alvo constante de ataques virtuais, levando algumas a abandonar espaços de influência.

A violência digital se tornou uma extensão da violência de gênero. Campanhas de ódio, exposição não consensual, perseguições virtuais e manipulação de informações não são fenômenos isolados – são estratégias políticas para manter estruturas de poder intactas.

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A urgência de políticas públicas e regulação global

Diante desse cenário, a CSW69 coloca o debate sobre mídia e redes sociais no centro da agenda global. A regulação do ambiente digital é essencial para combater a desinformação e proteger mulheres e meninas da violência online.

Mas esse é um desafio complexo: como equilibrar o combate ao discurso de ódio sem comprometer a liberdade de expressão? Como garantir que políticas públicas sejam eficazes sem reforçar mecanismos de censura que, historicamente, já foram usados contra mulheres?

Algumas iniciativas já surgem como referência, como leis que responsabilizam plataformas por conteúdos prejudiciais e mecanismos de denúncia mais acessíveis. No entanto, a solução passa também pela conscientização social. É preciso educar sobre o impacto da desinformação, fomentar o pensamento crítico e exigir compromisso das grandes empresas de tecnologia.

O que está em jogo?

A disputa pela narrativa nunca foi tão estratégica. Se há trinta anos Pequim alertava para os perigos de uma mídia controlada por poucos, hoje enfrentamos um cenário onde as redes sociais ampliam vozes, mas também potencializam ataques. O campo de batalha se transformou, mas o objetivo da agenda anti-direitos continua o mesmo: desmobilizar, silenciar e retroceder.

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A resistência passa por ocupar espaços, fortalecer redes de apoio e exigir políticas eficazes. Na CSW69, esse debate não é teórico – é uma necessidade urgente. Porque garantir o direito à informação e combater a manipulação midiática não é apenas uma questão de comunicação. 

É uma questão de direitos humanos.

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