Quando amizades acabam em silêncio: por que dói mais que término amoroso
Uma reflexão e chamado para o cuidado que devemos ter com conexões que nos salvam durante a vida
Dia desses, uma colega me perguntou o que eu achava de uma situação. Ela tinha uma amiga muito querida que, do nada, parou de falar com ela. Tentou uma, duas, três vezes. A amiga dizia que não era nada, mas estava seca. Não aparecia mais nos encontros, não comentava nas fotos, respondia com monossílabos. Até que ela entendeu: a amizade tinha acabado. E acabado sem conversa.
Eu disse pra ela que, se a outra não queria falar, não havia o que fazer. Mas aquela história ficou na minha cabeça. Lembrei de algumas amigas minhas que também foram sumindo. Sem explicação, sem briga, sem “preciso de um tempo”. Sumiram.
Enlouquecer é comum a todos, mas sumir não é a solução. Alguns anos depois, voltaram dizendo que estavam passando por um momento ruim. Outras, que tinham “pirado um pouco na época”. E tudo bem — às vezes a gente enlouquece mesmo. Mas eu nunca deixei alguém sem uma explicação, mesmo que fosse um “amiga, eu tô doida”.
O que me pega é lembrar que essas mesmas amigas já surtaram por paqueras corriqueiras, por um cara que mal sabiam o segundo nome, e escreveram verdadeiros tratados shakespearianos pra tentar resolver. Textões que eu mesma ajudei a revisar, caçando o verbo certo, a vírgula mais dramática. Mas quando foi comigo… silêncio.
Nem um “você foi escrota nisso, nisso e nisso, e não quero mais ser sua amiga”. entender o que aconteceu é o mínimo da dignidade humana.
A sociedade determinou que mulheres priorizem o amor romântico a todo custo. Bell Hooks fala que nós, mulheres, fomos ensinadas a colocar o amor romântico no centro da vida. A desejar, a cuidar, a consertar. É o que a Disney, as novelas, os livros e as conversas de bar nos ensinaram.
Enquanto isso, os homens aprendem a desejar outras coisas sucesso, liberdade, reconhecimento. Por isso, quando um relacionamento amoroso acaba, geralmente é a mulher que despenca, e o cara segue o baile. O silêncio separa o que antes era laço.
Mas aí, no meio desse desequilíbrio todo, nós esquecemos das amizades — os vínculos que realmente atravessam a vida inteira. E vamos ghosteando umas às outras. Pior que ghosting: o “oi, tudo bem?” protocolar, a resposta seca, o corpo sente a alma ausente. Essa coluna é pra gente pensar nisso. Nas amizades que morrem sem texto de despedida. Nos silêncios que pesam mais que um término amoroso.
A dedicação que damos aos homens, mas negamos às amigas. Se uma amiga sua foi babaca, diga: “amiga, você foi babaca.” Se você cansou da relação, diga também. Dê à outra a chance de se entender, de melhorar, de pedir desculpa.
O mesmo afinco que você dedica pra mandar um textão pra um homem que não vai lembrar do seu nome daqui a uma semana — mande pra uma amiga. Porque talvez seja ela quem vai estar ali quando ele for só uma lembrança.
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