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Martchela - Ministra do Namoro

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Jornalista, atriz e humorista, @martchela__ é apresentadora do Lambisgóia Cast
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A cura pela amizade

Fui para o inferno e voltei – carregada pelas minhas amigas. No fim, não há nada que cure tanto quanto o amor delas

Por Martchela
21 set 2024, 07h00
Ilustração para a coluna "A cura pela amizade", de Martchela
 (Reprodução/Reprodução)
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Eis que um dia eu emburaquei. Sabe aquele momento “trevas” da vida que todo mundo, mais cedo ou mais tarde, vai enfrentar? Pois é, esse dia chegou para mim. Tive um ano que foi verdadeiramente barra pesada. E, quando digo barra pesada, não estou exagerando; foi pesado mesmo.  

Nesse período, enfrentei três cirurgias no rim, lidei com uma sepse, sofri machucados físicos e emocionais, fui vítima de inúmeras decepções, puxadas de tapete, quebras de confiança, fui assaltada, tive um stalker, e passei por finais de milhares de ciclos importantíssimos que, apesar de dolorosos, eram necessários.  

Também enfrentei mudanças significativas no meu peso, um processo nada saudável, resultado de um estresse gigantesco. Pressões externas e internas também se acumularam, em algum momento passei por falta de grana, minha autoestima despencou, sofri bullying social, ou seja… Tudo que poderia dar errado, deu. 

Decidi, então, me retirar de tudo o que causava dor. Fui além: me retirei até mesmo daquilo que me fazia bem. Escolhi morar sozinha no auge da minha dor, me sentindo totalmente dilacerada, como se cada parte de mim estivesse se despedaçando.

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E você me pergunta: e aí?  

E aí que eu me senti sozinha pela primeira vez na vida. Mais do que isso, me senti completamente sem rumo. Foi então que, em meio a essa tempestade interna, fui surpreendida por uma onda sutil, que veio na forma das minhas amigas. Essas mulheres não me julgaram em nenhum momento; pelo contrário, elas me acolheram de uma maneira que nunca vou esquecer.

Nesse caminho difícil, minhas amigas — todas mulheres incríveis — se revezavam no telefone para me ouvir incansavelmente. Elas não se importavam em ouvir as mesmas histórias repetidas vezes; o importante era que não me sentisse sozinha. Elas conseguiram me ajudar a separar esse último ano específico de toda a minha trajetória, mostrando que, apesar do caos, ainda havia muito em mim que valia a pena ser resgatado.

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E ali, na minha viagem interna, finalmente entendi… Fui salva por mulheres. Eu sempre observei como os homens costumam ser unidos, mas nunca havia experimentado um apoio tão visceral quanto o que recebi dessas amigas.

Compreendi que, se você deseja ser salva, será por uma mulher.  Vi e senti que elas estão ali, umas para as outras, de uma maneira que desafia completamente o velho e estúpido ditado que diz que “mulher nunca será amiga de outra mulher”. Esse é, sem dúvida, o ditado mais absurdo que alguém já inventou.  

Se hoje estou aqui, contando minha história, é graças a uma rede de amor incondicional de mulheres. Elas se salvam e se cuidam, se protegem, se defendem, servem de ouvido quando o mundo fecha as portas, são abraço quando tudo o que você precisa é de companhia. Ao mesmo tempo, enxugam suas lágrimas enquanto dizem: “Viu, eu te avisei que ia dar errado, mas você é teimosa”.  

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E foi nesse amor, nesse acolhimento feminino, que encontrei o caminho de volta para mim mesma. Cada palavra de apoio, cada gesto de carinho, cada presença silenciosa ao meu lado foi, aos poucos, costurando os pedaços que eu achava estarem perdidos para sempre.

Aos poucos, fui percebendo que, apesar de toda a dor, havia uma força dentro de mim que eu nunca havia conhecido antes — e essa força se manifestava através dessas mulheres que se recusavam a me deixar cair.

Hoje, olho para trás e vejo que a cura veio não apenas de dentro, mas também desse elo indestrutível que criei com essas irmãs de alma. Porque, no final das contas, quando o mundo desaba, são essas mãos femininas que nos levantam, que nos lembram quem somos e do que somos capazes.  

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Essa é a verdadeira importância da amizade feminina: uma rede invisível, mas poderosa, que sustenta, cura e fortalece. Reconheça o poder dessas relações, valorize essas conexões que, em momentos críticos, podem ser a diferença entre se perder e se reencontrar.  

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