A “antissonsa”: a verdade nua e em neon por trás da sonsice
Pessoas sonsas e mal resolvidas? Aqui não têm vez...
Eu não sou de usar disfarces. Se eu peco, e quando peco, é pelo excesso. Sou cheia deles: excesso de verdades. Verdades estampadas em neon, bem no meio da minha cara.
“Martchela não gostou de você”. “Martchela te ama”. Esse é o grande problema da minha incontinência facial. Logo te digo: não tenho vocação para ser uma mulher sonsa, mesmo que haja vantagens mirabolantes em ser.
Fernanda Young, em Pós F, já dizia: “A sonsa é sensacional: jogadora implacável, que quase sempre ganha todas as partidas do xadrez amoroso! Observo muito, conheço muito. As sonsas, elas não trabalham, elas fingem que trabalham. São sagazes em dominar qualquer conflito; elas não causam qualquer conflito. Elas jogam a sonsice no conflito e o conflito se esvai. A sonsa viaja muito. A sonsa ganha carro. A sonsa faz muita ginástica também (e usa muito da beleza como arma). As sonsas são livres e não parecem ser livres. Não estão nem interessadas em reivindicar nada.”
Eu? Se eu me fizer de sonsa no meu “xadrez”, estarei aniquilada. Porque, ao contrário delas, eu pago o preço da minha liberdade. Elas se beneficiam da minha luta, enquanto garantem aos homens a imagem de “recatadas e do lar”.
Tenho sentimentos contraditórios sobre essas mulheres que vivem da “profissão sonsice”. Ao mesmo tempo que admiro a inteligência, diplomacia e “boa vida”, também considero a sonsa a mais perigosa das espécies femininas.
Eu sou a antissonsa. Me exponho em nome da verdade e, por isso, pago um preço altíssimo. Enquanto elas colhem os frutos sem sequer reivindicar nada.
A verdade é que eu não teria dom para ser sonsa. Não adianta. Tem coisas que você até deseja ser, provoca um pouco, atua um pouco, mas tem um limite à sua atuação. Não adianta atuar, deve-se ser….”
Esse trecho tem vagado pela minha mente nos últimos dias. Não é fácil ser verdadeira; você perde muito no jogo. Mas isso não significa que sou a favor de verdades doloridas sem necessidade.
— “Amiga, meu cabelo está bom?”
— “Pera aí, amiga, segura meu drink que vou ajeitar pra você!”
Ponto. A verdade pode ser dita com carinho. Há maneiras e maneiras de ser verdadeira. Há de ter carinho.
“Por favor, mais carinho!” deveria ser o lema do mundo. Na porta das casas, tapetes deveriam trazer a mensagem: “Se não for ter carinho, faça a gentileza de não entrar.” Assim, talvez, educaríamos uma sociedade.
Confesso que ando um pouco cansada da dureza da vida, dos encontros que, por algum capricho divino, se vão, sem aviso, sem promessa de retorno. Haverá volta? Quem sabe…
Talvez o tempo saiba. Talvez o destino, afinal quem saberá? Eu sigo acreditando que a verdade, nua, exposta, e às vezes sangrando, ela há de brilhar! E a gente segue lutando, tropeçando e tirando algumas máscaras no caminho.