Palavras doces. De beijos. De brigadeiro. Serve uma cereja em calda. Serve toda delicadeza que houver nesta vida, mas não serve porrada. Já levamos tantas. Todos os dias e ainda temos que tomar uma traulitada cívica? Não estou gostando do rumo das coisas. Gripezinha, recessão e agora pancada pró-censura? Cala boca já morreu né. Mas foco meus pensamentos na maturidade, terreno que caminho ainda com certa destreza antes que a artrose me atropele.
Quantas vezes nos pediram, ao longo de nossa meninice e juventude, para sermos menos? Acanharmos-nos porque estávamos sendo alegres demais, sexies demais, verborrágicas demais. Não pode dançar assim. Que modos são esses. E essa maquiagem? Olha o tamanho do biquíni. Vai ficar falada. Lembra-se dessa frase? Ai como eu quero ficar falada. Sempre quis. Apesar de assessora de imprensa – acostumada a badalar o ego dos outros – sempre tive voz. E nunca foi baixa. Mas sei lá, com esse podre astral (leia-se pandemia) eu dei uma calada. Fiquei com vergonha de ser muito. Muito revolucionária, muito ativa, muito pulsante enquanto pulmões estavam comprometidos em UTIs superfaturadas.
Precisamos de tudo, menos de correção. Que gente é essa que se acha a régua correta da matemática da existência? Uns babacas diriam bem rasamente. Tô querendo dar uma desbundada e ao primeiro acorde do sol da vacina, vou ser um misto de Dercy com Hebe – potente combinação de escracho com audiência. E coloco no mesmo saco Elke Maravilha, Anitta, Rogéria, Leila Diniz, Fafá de Belém, Teresa Cristina, Alice Caymmi. Vou roubar suas sílabas e fazer um mix de sons libertários, enchendo minha boca de palavras que eu mesma gostaria de falar.
O que falta para termos mais mulheres eleitas na política