Vibrador viajante
Na coluna desta semana, Kika reflete sobre o quanto as mulheres devem se sentir encorajadas a explorar o próprio prazer sem censuras
A amiga de quarto, em viagem de trabalho, ao desarrumar as malas para uma semana em uma feira de turismo, saca um vibrador da bolsa. Normal. O que achei diferente foram seus gemidos no banho. Uma simples ducha virou uma epifania. Festival de ais e uis. E eu, fazendo a egípcia, fingi normalidade.
“Recomendação médica”, me disse. Aos quase 65 anos, ela trabalha os músculos da perereca com o mesmo vigor no qual puxa ferro na academia. Fez uma explanação universitária sobre a energia de Kundalini e os benefícios que a descoberta hindu causa nos países baixos.
Matutei. Hummmm, então aquilo que cantarolei ao som de Raul Seixas nos meus 20 anos, retorna agora com força total em minha maturidade. Vou confessar uma coisa: ouço história de senhoras em asilos que tocam suas partes íntimas sem pudor, viabilizadas pela demência que lhes permite toda a liberdade do planeta.
Se os homens se masturbam desde meninos, é fato que a inibição cultural e religiosa fez estrago nas maduras. Mas voltando a amiga, ousei perguntar com que frequência ativava o modo tesão particular. “Bastam segundos para eu me excitar. Esse sugador faz coisas que nenhum homem consegue nem com dedos ou língua”.
E nessa de tentar entender onde eu coloquei o meu prazer particular em meio a planilhas, calls, zooms e meets, vejo que preciso resetar o meu modus operandi e ser mais livre. Fica a dica. Quando a sua colega de vida te chamar para uma escapada, a trabalho ou lazer, olhe bem a necessaire dela. Seu futuro pode estar precisando de um update.