Sobre ética e likes
Não necessito ser advogada para saber que há muita vilania rolando solta por aí
Não preciso nem dizer sobre qual assunto eu estou escrevendo. Chocou essa semana a atitude de alguns influenciadores/jornalistas em devastar a vida de uma jovem mulher. O tema era um prato cheio para essa gente sem valor. Estupro + doação que se virou totalmente contra a vítima.
Cheguei até a ler que a menina “deu” espaço para o acaso e depois abandonou o fruto sagrado de seu ventre. Nojo! Mas o que eu gostaria de pontuar aqui é o que pode e o que não pode ser compartilhado. Há muito que nossa sociedade está doente. Filmam cenas violentas; mostram ao vivo a morte de alguém; usam o Reels como cenário para o suicídio além de mil coações, constrangimentos e crimes contra a honra pessoal de outrem.
Não necessito ser advogada para saber que há muita vilania rolando solta por aí. Mesmo enquadrados na nova lei vigente, engatinhamos em proteção virtual . Há que se colocar a mão na consciência e pensar: vale passar adiante uma informação tão íntima de alguém? Porque? Para ser encarado como grande sabedor de podres alheios? Para se tornar um ícone da fofoca? Para ganhar mil likes e seguidores distópicos nesta seara chamada internet?
Eu tô bege e, como mulher madura, celebro no meu mundo de juventude não ter tido internet. Fizemos de um tudo, sem eco. Mas e agora? Eu virei influencer ageless e já já me pegam numa treta e viro meme em sites pornográficos. Puxado viver nesse mundo interconectado. Quero virar Jane, ou melhor, Juma. Pensando bem, o véio do Rio, assim rastejo feito sucuri e sumo no mundo.