Recomeços. Janeiro é quase uma ode ao impossível. Listamos sonhos e determinamos novas rotinas. Cumprir no papel é fácil. Calejadas pela idade e pelo entra e sai do calendário, divago: “faço ou não faço meus itens de novas intenções, hábitos e mudanças?” Não. Não farei.
Dei de birra e hoje confio no destino. Tô louca? Vale esse desprendimento do cotidiano? Acho que sim, pois lá no fundo sei que é preciso entregar e confiar. Lendo muito devocional? Talvez. Hoje, influenciada pela filha caçula, vou de salmos em salmos e leio passagens lindas (algumas incompreensíveis), mas sigo fiando no porvir.
Se fui controladora até aqui, mudei. Dá um medinho, afinal, sou brasileira e de figas e búzios entendemos muito. Habita uma cartomante em cada mulher madura que, desesperada pelo não funcionamento das armas civis e cartesianas, pira nas mesas das mães Nininhas de Oxossi. Se funciona? Acho que não, mas pelo menos é uma resposta imediata para a dor latente.
E janeiro é uma espécie de colar de contas de um rosário renovado. A gente inspira pra não pirar e intenciona o melhor. Ah! Dei para conversar com a lua e também meditar na cama. Meio hippie, meio Rita, meio Joplin, procuro a fêmea livre e selvagem que surfa a onda que brota no mar vigente. Tomara que não tome um caldo.