O poder do pau mole
Afinal, na maturidade, procurar por um pau duro é no mínimo falta de repertório dela e miopia dele

Taí, eu nunca tinha pensado positivamente, por esse ângulo, acerca do desempenho do falo. Lendo um livro de um amigo publicitário, sobre os novos velhos, num determinado trecho tem uma frase sensacional sobre disfunção erétil e brochada: “Se você gosta de pau mole, vou te levar à loucura”.
Do alto dos meus 55 anos, puxei da caixola histórias que escutei de mulheres debatendo suas trepadas. O pau duro, a penetração, o tamanho do pênis – claro – eram valorizados, mas predominantemente, todas lembravam histórias de amores pouco convencionais. A maior parte delas, se recordava de transadas homéricas, com boys nada magias.
O que muitos tinham em comum? Sensibilidade. Nas preliminares, batiam um bolão. Falavam sacanagem ao pé do ouvido; usavam dedos e línguas; abusavam de beijos em calcanhares, cotovelos, nucas, polegares. Exploravam buracos e sabores. Se valiam de massagens, músicas, comida e até ambiente. Criatividade imensa sobretudo naqueles com o dito cujo pouco avantajado.
Lembro de um bate-papo divertidíssimo em que a amiga deu de cara com um pau pequeno, meia bomba, e soltou aquela gargalhada. O cara, já safo, escolado na chacota, sacou um pênis de sex shop, negro, cheio de veias e contornos, olhou pra ela e disse: prefere uma curra? Ela, em choque, declinou e eles viveram uma noite deliciosa de humor, conversas e muito vinho. Pouco tempo depois soube que se casaram. Vai dizer que a amiga em questão não curtiu o rala e rola?
E aí, trazendo essa realidade para os homens maduros, mais velhos, muitos com dificuldade de ereção e permanência nela, o lance é se divertir. Ele, sabendo que não só o Viagra dará sentido, e ela, levando tudo na maciota, afinal, na maturidade, procurar por um pau duro é no mínimo falta de repertório dela e miopia dele.