Não sei se já contei aqui que nasci no Leme, Copacabana. No prédio ao lado, colado, tipo vizinho de estrutura, morava o escritor e jornalista Nelson Rodrigues (1912-1980). Tenho certeza que muito de sua inspiração vinha de olhar a minha família pelo buraco da parede. Brincadeirinha.
O que me levou a juntar lé-com-cré foi a quantidade de homens maduros, 60+, que vejo trocando suas esposas sofisticadas, elegantes e bem-nascidas por moças suburbanas. Me falem qual é a tara que o homem, na maturidade, tem por acasalar com mulheres da periferia?
Nenhum preconceito contra os bairros menos favorecidos – alto lá, até porque carioca que se preze mistura brasões com botijões suavemente. Na praia, coliseu da democracia do Rio, convivem pivetes com mauricinhos na maior fidalguia. Mas esses homens babões, com seus Viagras nos bolsos, deixam suas mulheres de origem – em sua maioria da mesma idade deles – e gozam nas comunidades alheias.
É comum ver um cara bem vestido, de cinto personal, camisa engomada e sapato social ao lado de uma cabrocha nova, tudo em cima, peito duro, bunda dura, sorriso largo, num tchéquetcheque ao lado do garboso macho alfa.
E vocês podem estar pensando… ah, isso não acontece mais. Queridas, os homens cariocas mais velhos gostam de flertar com a plebe rude. Pelo menos umas 3 amigas minhas foram trocadas por manicures, bancárias e recepcionistas de bingo.
E eu, querendo invocar a alma do dramaturgo safado na intenção de entender essa nova composição horizontal, não chego à conclusão alguma. E peço ajuda de vocês, leitores. É por que mesmo?
Acho que meu HD está meio comprometido pelo cansaço da menopausa. Não ando bem. Meio sonolenta, melancólica, calorenta, tenho dificuldade de concluir raciocínios. Só uma coisa continua igual… meu olhar 43 para perceber que dentro de mim habita uma mulher bonitinha, mas ordinária.