Namorido: os arranjos criativos na maturidade
Com a crise financeira e a abertura da sociedade para novos rearranjos afetivos, há uma nova brecha para viver o seu amor na maturidade
Sim. Me separei. De corpos. A opção de não morarmos mais juntos veio da necessidade de abrigar a minha mãe – num processo inicial de demência – junto a mim e às minhas filhas. Depois de sete anos, ter o ninho vazio do homem que você escolheu para refazer a sua vida sentimental na fase adulta, sem rompimento drástico, é malabarismo diário.
O que era casamento com aliança, boletos divididos, banhos juntos, acordar e dormir de conchinha e é claro muitas ‘DRs’ e falação, terminou. Ainda usamos o anel de compromisso, mas há uma liberdade no ar. O senso de pertencimento é muito mais pelo querer do que pelas convenções. Tudo ficou calmo em casa. Não há aquela tensão marital própria dos casamentos, mesmo entre os maduros.
Mas outro dia me peguei pensando. Já tenho quase 60 anos, será que vou refazer a minha vida amorosa dentro dos padrões vigentes? E, ao postar no insta a minha nova condição afetiva, uma enxurrada de comentários mostrou que na idade madura os arranjos são criativos.
O clássico morar em casas separadas é de lei, mas existem aqueles que não dividem o mesmo quarto dentro de casa; os que moram com os pais doentes durante a semana e colocam uma cuidadora para eles nos weekends e vazam para encontrar seu par na serra ou no mar. Têm os que, por terem filhos adultos, cada um mora na casa de um rebento e quando dá se veem por lá mesmo. Têm aqueles que vivem uma relação de poliamor num trisal consentido. E ainda li sugestões de ex casais que até moram na mesma casa, mas decidiram virar amigos de fato.
Com a crise financeira e a abertura da sociedade para novos rearranjos afetivos, há uma nova brecha para viver o seu amor na maturidade. Basta diálogo, respeito e consenso. A partir daí tudo é novidade. Que vença o amor em suas modernidades!