Dezembro: tchau, 2022! Estamos prontas para o futuro
Como é o futuro que desejamos ver florescer? A força de Samela Sateré Mawé nos ensina a nos despedir das amarras e abraçar um futuro indígena
Vem, 2023! Com todas as emoções afloradas de ser um ano regido pela Lua, com as transformações profundas de Plutão entrando em Aquário, com um pedido íntimo de mais contato com a espiritualidade da forma que Saturno, o planeta professor do universo, sugere ao seguir seu movimento para Peixes. Pode vir, estamos com os pés firmes no chão e o coração aberto, prontas para a despedida de 2022 (se você quer saber de onde veio a coragem, comece pelo especial da astróloga Vivi Pettersen).
A esperança de renovação não é pensamento positivo leviano. Tem mais a ver com a confiança de quem planta uma árvore, e rega, e nutre, e cuida, e assim sabe que um dia poderá vê-la florescer, ou sonhar com a próxima geração que descansará à sua sombra (legado que chama, não é?).
Para fechar esse ano que foi tão “desafiador”, para ficarmos num baita eufemismo, convidamos Samela Sateré Mawé, um dos nomes mais importantes do ativismo ambiental no Brasil, uma semente do saber ancestral dos povos originários que está fincando raízes e ganhando corpo. Na entrevista de capa (leia aqui), conduzida com abundante sabedoria pela editora-chefe Paula Jacob, a jovem líder compartilhou seu desejo: “Toda vez que falo, tento fazer com que entendam a relevância de trazer para dentro dos nossos corpos a ideia de que somos terra. A partir do momento que nos entendemos terra, lutamos pelo planeta”.
Na beleza artística criada por Alma Negrot, a natureza humana e a flora estão em comunhão nas pétalas de gérberas, orquídeas e frésias, entre outras variedades, delicadamente aplicadas sobre o rosto e o colo de Samela. Um deleite para os olhos e uma profunda lição de paciência e compromisso com o primor.
Nos entendermos parte desse sistema complexo e vivo passa por uma revolução no modo como encaramos o fluxo do tempo nos nossos próprios corpos — e isso não é nada simples. Como nossa amada colunista Vanessa Rozan afirma, coberta de razão, “envelhecer é uma rebeldia” (leia a seção Lado B).
De dentro para fora, transfigurando as limitações e apaixonadas pela vida, vamos abrindo espaço para sonhar e também realizar nossos verdadeiros desejos. Esse é um grãozinho que eu quero ver florescer.