A mãe que arriscou tudo para salvar a filha: amor mais forte que a lei
Uma mãe desafiou o preconceito, o sistema e a própria lei para dar à filha com epilepsia rara uma vida sem dor
Liane nunca imaginou que a maternidade viria acompanhada de tanto medo. Em janeiro de 2010, nasceu Carol: um bebê saudável, com quase 4 quilos, notas 9 e 10 no teste de Apgar — exame que avalia a vitalidade do recém-nascido logo após o parto. Mas sua história virou uma luta diária contra o tempo, o preconceito e a burocracia brasileira.
Os primeiros sinais de que algo estava errado
Nos primeiros dias de vida, Liane notou sinais estranhos: os bracinhos se esticavam e os olhos reviravam durante a amamentação. O que os médicos chamavam de movimentos involuntários eram, na verdade, convulsões.
Ainda com poucos dias, Carol teve uma crise severa nos braços da mãe: o corpinho enrijeceu, ela ficou roxa, quase sem vida. O socorro chegou a tempo — e Carol sobreviveu. Foram meses de idas e vindas a hospitais, tratamentos frustrados e diagnósticos imprecisos.
O diagnóstico que mudaria tudo
Só aos dois anos veio o laudo que mudaria tudo: Síndrome de Dravet — uma forma rara e grave de epilepsia, que rouba a infância com crises constantes. Liane deixou a carreira como professora para se dedicar à filha. Entre consultas e dezenas de remédios, a família mergulhou em buscas por alternativas.
A descoberta da cannabis medicinal — e o início de uma nova luta
Foi assim que, em 2014, assistindo ao documentário Ilegal, viu uma possível esperança: a cannabis medicinal. Mas o que parecia uma solução se transformou em nova batalha — agora contra a burocracia. Conseguir a liberação do óleo era quase impossível, e enquanto isso Carol acumulava prescrições: até seis anticonvulsivos ao mesmo tempo, todos com fortes efeitos colaterais.
O Estado negava, e a dor continuava
Quando finalmente conseguiu autorização para importar o óleo, veio outro obstáculo: o custo. Um único frasco ultrapassava R$ 3 mil — valor impagável para uma professora afastada.
A Justiça determinou que o Estado do Rio Grande do Sul e a Prefeitura de Canoas deveriam custear o tratamento, mas nenhum assumia a responsabilidade. Enquanto os governos empurravam o problema, Carol seguia sem o remédio.
A solidariedade manteve Carol viva nos primeiros meses
Nos primeiros meses, o tratamento só foi possível graças à solidariedade: rifas, vaquinhas e um doador que apareceu após uma reportagem local.
Foi então que Liane procurou outras mães que enfrentavam a mesma luta. Participou da Marcha da Maconha em São Paulo, conheceu mulheres autorizadas a plantar e produzir o próprio óleo e recebeu um gesto de coragem: uma seringa com 1 ml de óleo artesanal de cannabis. Pouco, mas suficiente para provar que havia esperança.
Quando a cura nasce no quintal — e o risco vira coragem
Com o sucesso do pequeno frasco, Liane decidiu plantar para garantir a continuidade do tratamento. Cultivou escondida, no quintal de casa — correndo o risco de ser presa ou perder a guarda da filha — e entrou na Justiça com um pedido de habeas corpus preventivo.
Vinte dias que mudaram uma vida
Em 2018, Carol começou a usar o óleo feito pela mãe. Vinte dias depois, as convulsões cessaram. De cinco anticonvulsivos pesados, restaram apenas oito gotinhas diárias. A menina que não brincava, agora acordava querendo correr, rir e se divertir. Hoje, Carol vive uma adolescência possível: feliz e livre das crises que a aprisionavam.
A luta não acabou — ela só começou
Liane sabe que sua vitória não é o fim — é um ponto de partida. “Não posso fechar a porta de casa só porque minha filha está bem”, costuma dizer. A luta é coletiva. Por todas as famílias que ainda enfrentam preconceito e um Estado que se rende à moral conservadora mesmo diante de evidências científicas.
Porque o amor de mãe é mais forte do que qualquer lei ou obstáculo. Certo dia, Liane olhou para a filha e entendeu: salvar Carol não era uma escolha — era uma questão de vida ou morte.
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