Tempo, tempo, tempo, tempo
Essa crônica é para pensar em quantas vezes, mesmo sem tempo e nos dedicando a outras tarefas, somos obrigadas a cumprir TODOS os compromissos
O mês de maio é particularmente um mês atarefado para as mães. E, para mim, há um adicional de palestras, aulas, eventos, debates, comemorações e o aniversário da minha primogênita, o dia em que ganhei oficialmente o título de “Mãe”. Por isso, é um mês em que a ideia de tempo, ou melhor, de falta de tempo fica muito presente dentro de mim.
Essa crônica é para pensar em quantas vezes, mesmo sem a total falta de tempo e tendo que se dedicar a outras tarefas, nos sentimos obrigadas a cumprir TODOS os nossos compromissos e agendas para que ninguém nos critique dizendo que estamos usando a “desculpa” da maternidade. A culpa materna é real e nos consome alimentada por esse sistema que insiste em afirmar que precisamos dar conta de TUDOAOMESMOTEMPOAGORA, do contrário seremos péssimas mães.
Se isso me faz uma péssima mãe, então que seja. Eu prefiro ser uma péssima mãe porque estou lendo com minha filha mais nova; porque estou ajudando a outra a escolher a roupa do aniversário; por priorizar as comemorações em família; por comprar pipoca e fazer sessão cineminha no final dos dias mais gelados embaixo das cobertas; por dizer e ouvir mais de trinta vezes “eu te amo”; por lutar pelos direitos de todas as mães a terem um “amaternar” mais leve e puro.
A vida em 2023 não pode e não deve mais ser guiada pela métrica do que produzimos, mas dos encontros que temos e dos afetos que cultivamos. Das possibilidades de horizontes coletivos unidos e da erradicação da cultura do ódio, das mentiras, das doenças e das mortes que dividiram o mundo nos últimos anos.
Se sou uma péssima mãe por estar sem tempo para cumprir todos os prazos, sei que sou uma excelente mãe por sempre estar com tempo para uma boa conversa, um bate-papo com amigas, uma brincadeira com as crianças e para eventos que falem sobre maternidades. Sou uma mãe má(ravilhosa), como digo em meu livro Crônicas de Mãe e não me arrependo. As pessoas que gostam de culpar as mães por sua “falta de tempo” sempre dizem que a vida é feita de escolhas e que, por isso mesmo, devemos estar cientes de nossas limitações e não querermos mais. Querer, para uma mulher mãe é uma ousadia imperdoável.
O mês de maio é complicado para mim e eu adoro vivê-lo todos os anos. Precisamos urgentemente normalizar o tempo do “Amaternar” como parte de uma vida em comunidade respeitosa e com compaixão. Já passou da hora da culpa materna deixar de ser um empecilho para que as mulheres vivam plenamente – e em vez de dizer “estou sem tempo” substituir por “estou priorizando demandas mais urgentes agora e retornarei assim que possível”. Eu não quero mais: quero tudo e para todas! E isso é apenas o início, tá?
Dias melhores certamente virão! E vamos juntas! É possível sermos melhores, sempre!
Vamos conversar?
Se quiser entrar em contato comigo, Ana Carolina Coelho, mande um e-mail para: ana.cronicasdemae@gmail.com – e no Instagram: @anacarolinacoelho79
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