Tabus maternos: precisamos falar sem medo de represálias
Cuidar não cansa: cuidar retira pedaços de nós e nos transforma em outra pessoa
Minha resolução de ano novo se resumiu em uma única frase dita em voz alta: Cansei de ser mãe. É isso. Não é que eu precise de férias, descanso ou uns dias para mim. EU CANSEI DE SER MÃE. São quase doze anos ininterruptos nessa função e eu estou esgotada. Cuidar não cansa: cuidar retira pedaços de nós e nos transforma em outra pessoa. Eu não sou a mesma de doze anos atrás. A leitora chocada deve estar pensando agora que eu vou emendar com um “mas é uma benção e tudo se alivia quando as crianças sorriem para a gente”. Não. A verdade é que nem sempre alivia. Nem sempre a vida é generosa e, muitas vezes, choramos de desespero sozinhas, sem solução: o amargo na boca é a própria vida.
“Ah, então você não GOSTA de ser mãe, sua DESNATURADA!” Não novamente. Não tem nada a ver com natureza. Eu sou apaixonada pela maternidade e AMO minhas filhas. Eu só cansei de ser mãe e estou completamente esgotada. E esse é um assunto tão tabu e tão comum entre nós, que fico pensando: por que não conversamos mais sobre isso? Porque a maternidade é sacralizada, naturalizada e ensinada como parte da “essência” de todas as mulheres.
Porque o diálogo nasce quando é possível ouvir e respeitar pessoas, sentimentos e experiências diferentes das suas e validá-las independente de sua compreensão narcísica da situação. Porque sser mãe é único, e ser filha/filho também e, cada mulher vivencia essas mudanças de acordo com suas condições materiais de existência e capacidade emocional/cognitiva. Porque não existe manual.
Eu não tenho a solução para esse cansaço, mas poder falar dele me faz muito bem. Estamos conversando muito aqui em casa sobre desejos, responsabilidades e transformações. E agindo com mudanças de atitudes, pensamentos e palavras. Tem sido difícil e bom. Assim como é a vida, quem sabe, a partir de agora, um pouco mais justa.
Então, nesse 2023 eu desejo que possamos VERDADEIRAMENTE conversar e falar de todos os temas sem medos de represálias. Ainda não encontramos a solução, mas agora que eu nomeei meus sentimentos e fui ouvida, o tabu foi quebrado abrindo horizontes para uma maternidade ainda mais real e honesta. Dias melhores certamente virão! E vamos juntas! É possível sermos melhores, sempre!
Vamos conversar?
Se quiser entrar em contato comigo, Ana Carolina Coelho, mande um e-mail para: ana.cronicasdemae@gmail.com – e no Instagram: @anacarolinacoelho79
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