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Por Ana Carolina Coelho. Feminista, mãe, escritora, poeta, dançarina, plantadora de árvores, pesquisadora e professora universitária
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As sequelas da pandemia nas crianças e o “amaternar” a vida

A colunista Ana Carolina Coelho fala sobre o efeito emocional do coronavírus nas crianças

Por Da Redação
Atualizado em 12 Maio 2021, 19h02 - Publicado em 10 Maio 2021, 10h45

“Mãe, algum dia a gente pode sair sem máscara na rua? Eu ‘quelia’, deve ser ‘divetido’” e essa foi a frase de minha pequena flor de luz de três anos que inaugurou mais uma semana de isolamento social. Eu estava com ela no colo dentro da garagem, para justamente impedir que ela saísse, enquanto abríamos o portão para recebermos uma encomenda que foi deixada na porta. A cena durou poucos minutos, mas ela viu algumas pessoas passando sem máscara na calçada do outro lado da rua.

Naqueles instantes, minha pequena desmascarou a sua realidade: ela já não se recorda de um tempo em que as pessoas circulavam e frequentavam o “mundo fora de casa” sem algum tipo de proteção facial. Eu havia reparado que ela mesma já me pede álcool para ajudar a limpar as compras e, com frequência ela simula uma “luta” com o coronavilus” para ele, conforme suas palavras, “ir embora e deixar a gente em paz”.

Todas essas atitudes juntas já me sinalizavam que eu precisava ficar atenta a um tipo de sequela cada vez mais típica desse tempo de pandemia: os efeitos emocionais nas crianças causado pela categórica necessidade de distanciamento para tentar diminuir a contaminação viral.

Diversas pesquisas estão em realização para avaliar essas questões e várias pessoas especializadas na área da saúde e educação infantil têm alertado para o aumento dos casos com necessidade de acompanhamento profissional. Imagino que nos próximos anos sejam necessárias múltiplas abordagens, tanto nas áreas pedagógicas quanto na saúde pública, para que as crianças recebam essa atenção fundamental.

Eu queria ter dito “Sim filha, é muito divertido mesmo! Vamos?”, mas apenas pude dizer: “Sim filha, um dia poderemos, mas não hoje. Depois.” Eu a abracei e comecei alguma brincadeira para deixar aquele momento menos doloroso. A minha flor mais velha, com quase uma década de vida, estava perto e olhou para o chão, já bastante consciente das incertezas que cercam os dias que vivemos.

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Eu tenho sentido uma saudade imensa de sair e passear. Elas já esqueceram o que significa fazer isso sem preocupações. Estamos em uma época de inseguranças, polarizações e uma doença com alta letalidade à solta no mundo. Em face desse extremo, não há possibilidade de discussão: a Morte é imperativa e não costuma negociar seus direitos. Eu, como mãe, perdi o sono preocupada com o futuro de todas as crianças: o que a maioria das mães quer é que suas filhas e filhos estejam em segurança e não há nenhuma garantia disso.

O que podemos oferecer é o nosso “amaternar”, termo que inventei há algum tempo atrás para falar da relação de amor construída entre as mães e as suas crias. E parir um conceito é como toda gestação: demanda tempo para definição de contornos e detalhes. Dessa arte de significar em palavras as vivências foi concebido em mim o “amaternar”.

Essa conceituação envolve, por exemplo: os cuidados práticos da vida cotidiana guiados pelos carinhos e pelos afetos; uma percepção vigilante, constante e amorosa sobre as pequenas ações da vida; uma maneira social de entender o trabalho materno e as demandas das mães e uma forma de perceber a vida de um jeito mais respeitoso com as pequenas pessoas que vivem no nosso coletivo: as crianças.

Ouçamos nossas crianças! Elas são criativas, únicas e lindas. Seria muito divertido mesmo poder voltar a andar nas ruas sem máscara. Já existem algumas soluções e nós, pessoas adultas, precisamos acelerar e lutar para que as medidas mais seguras e responsáveis sejam tomadas em benefício de toda a população. Já teremos que enfrentar muitas sequelas, dentre tantos lutos e déficits.

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A última coisa de que precisamos é de um retorno a uma falsa “normalidade” que sempre foi repleta de desamores e desigualdades abissais. É preciso urgentemente uma mudança na maneira pela qual percebemos nossa sociedade em um movimento de “amaternar” o viver, para que possamos ter coletivamente mais possibilidades de conversas que desentendimentos e um cotidiano harmonioso, diverso, afável, pleno e verdadeiramente sem máscaras. Dias Mulheres virão!

 Vamos conversar?

Se quiser entrar em contato comigo, Ana Carolina Coelho, mande um e-mail para ana.cronicasdemae@gmail.com ou no Instagram (@anacarolinacoelho79). Será uma honra te conhecer! Quer conhecer as “Crônicas de Mãe”? Leia as anteriores aqui e acompanhe as próximas!

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