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Crônicas de Mãe

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Por Ana Carolina Coelho. Feminista, mãe, escritora, poeta, dançarina, plantadora de árvores, pesquisadora e professora universitária
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Apesar de você, a vida resiste na alegria dos encontros e abraços virtuais

Apesar desta época pandêmica, na qual tantos vírus decidem nossas vidas, precisamos acreditar que “amanhã vai ser outro dia”

Por Ana Carolina Coelho
27 dez 2021, 10h42
isolamento
 (Bambu Productions/Getty Images)
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Escrevo esta crônica, a última do ano, no final de semana natalino. Recebi vários telefonemas e dei boas risadas com mensagens, áudios e sinceros desejos de dias melhores. Ao mesmo tempo em que encerro uma fase de minha existência e estou nos preparativos para o retorno à minha casa, igualmente preparamos uma pequena decoração, quitutes e brincadeiras.

Foram dias agitados e arrastados, entre o cansaço e os compromissos. Alguns e-mails foram enviados no mexer das panelas e outros enquanto arrumava as crianças para dormir. Mães dormem pouco e trabalham o tempo todo. E neste ano, em particular, eu me sinto vivendo um enorme ano de 2020 que só teve aviso de chegada sem nenhuma intenção de acabar.

Os meses se misturaram e os dias da semana se confundiram com uma facilidade enorme. Estamos esgotadas. E fazendo comida, resolvendo problemas de trabalho, trocando receitas de pudim fáceis e baratas, penteando cabelos e mandando colocar os chinelos no pé sem sabermos onde largamos nossos passos na estrada.

Neste final de ano algumas pessoas retomaram, ainda que timidamente, os encontros e abraços das ceias natalinas. Esses pequenos gestos de aproximação foram cercados de muita emoção, e uma delas é o medo. Ainda estamos vivendo em grande risco por causa de inúmeras variáveis e variantes.

Neste ano que não termina, nesse pesadelo de notícias desgovernadas e de tantas mortes pela Covid-19, as lágrimas e as perdas são a marca traumática de uma tragédia que a história vai cobrar sem piedade sobre os tempos que vivemos.

Eu acordei hoje com uma música do Chico Buarque da minha memória afetiva e ela tocou o dia inteiro aqui dentro: “Apesar de você”. Apesar desta época pandêmica, na qual tantos vírus decidem nossas vidas, precisamos acreditar que “amanhã vai ser outro dia” e respirar para simplesmente lembrar que, apesar deles, estamos vivas, estamos aqui e as pessoas querem se amar sem parar. Existem formas e fórmulas para acabar com as variantes e variáveis.

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Apesar deles, teremos a alegria poderosa dos amores verdadeiros e da vontade das parcerias e boas amizades. Apesar deles, teremos jardins floridos e risadas. Apesar deles, do ensino remoto/híbrido e todas as dificuldades de convívio social, ensinaremos respeito, carinho e compreensão às crianças, a base fundamental para uma convivência plural e acolhedora das diferenças. Apesar deles, as mães continuarão a se unir em coletivos e a lutar por direitos.

Apesar deles, “nosso coro vai cantar na sua frente” e cada pêsames e sofrimento que fomos obrigadas a falar e sentir serão nossa força para nossos brados de euforia. Vamos cobrar com juros todas nossas tristezas e todas as nossas dores.

Neste final de ano, essa crônica de mãe é um desabafo e um pedido: amanhã há de ser outro dia. Precisamos estar vivas para esbanjarmos nossa poesia materna pelas ruas. Como bem diz Conceição Evaristo sobre os tempos e heranças das escravizações: “Combinaram de nos matar. Nós combinamos de não morrer.”

Vivemos em tempos terríveis e, apesar de tudo, vamos combinar todo dia, mais um dia, todas nós sobrevivermos? Essa será a melhor resolução de Ano Novo que podemos fazer neste momento. É possível sermos melhores, sempre!

Dias mulheres virão!

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Vamos conversar?

Se quiser entrar em contato comigo, Ana Carolina Coelho, mande um e-mail para: ana.cronicasdemae@gmail.com ou mensagem pelo Instagram: (@anacarolinacoelho79). Será uma honra te conhecer! Quer conhecer as “Crônicas de Mãe”? Leia as anteriores aqui e acompanhe as próximas!

 

 

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