A sociedade do cansaço e seus efeitos na vida das crianças
A vida em uma “sociedade de alta eficiência” pode até ser produtiva com coisas, mas não com pessoas e nunca com as mães
Hoje a protagonista desta crônica será minha pequena flor de primavera que está sempre correndo, agitada e pulando, como quase todas as crianças de quatro anos – ou pelo menos assim desejamos que seja – como diz a sabedoria antiga “deixa correr que é sinal de saúde” e à medida que envelheço me vejo repetindo as mesmas frases e pensando cada dia mais “como nossos pais”, mas em uma versão mais florida de querer uma casa no campo para viver com as amizades, livros, discos, família e rir com paz e calma.
Acontece que a vida tem pedido que trabalhemos cada dia mais, estudemos em ritmo frenético e estejamos sempre produzindo ou pensando em produzir ou planejando milimetricamente o tempo para que a semana seja mais…produtiva. Em meio ao caos que estamos vivendo, nossas opções de resistência têm sido minadas a cada segundo por e-mails, mensagens, reuniões, metas e exigências, que se não cumpridas inviabilizam as condições materiais da vida. Estamos correndo ou sendo arrastados em alta velocidade para uma “sociedade do cansaço”, em que a marca é a velocidade do atendimento em detrimento das relações humanas e que “saúde mental” significa comprar um livro de meditação, umas essências relaxantes e dormir cada vez menos. Nesse ritmo, nossa única opção de caminho é ter cada vez menos espaços para risadas, boas conversas e afetos.
E onde minha pequena filha entra nessa história? Na “pureza da resposta das crianças”; já explico: o pai estava falando com ela que era hora de dormir e estava agitado com prazos para cumprir, então no “automático”, ele disse a ela umas três coisas que ela deveria fazer. Yasmin olha para ele com a mão na testa e responde, com uma grande gentileza: “Pai, você está indo muito rápido. Eu preciso parar e pensar. Espera, por favor.” Eu estava na cozinha, lavando louça e fiquei sem fôlego. ELA ESTÁ CERTA!
Precisamos parar e pensar, precisamos ir mais devagar na vida e precisamos URGENTEMENTE sermos gentis entre nós. A vida em uma “sociedade de alta eficiência” pode até ser muito produtiva com coisas, mas não com pessoas e NUNCA com as mães. Amaternar a vida é também esse movimento de gentilezas genuínas, de um oferecer com calma a parte que podemos ajudar e termos VERDADEIRAMENTE amor por nós mesmas: parar, pensar e sermos inteiras em nossos projetos e na nossa vida. Sei que estamos “nadando contra a correnteza” e sei que para pagar as contas nem sempre poderemos agir dessa maneira, mas acredito que pequenas mudanças de prioridades podem gerar grandes transformações e trincar as barragens de uma sociedade que, em última instância, não se importa com nossas vidas. É possível sermos melhores, sempre! Dias Mulheres virão!
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