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Por Ana Carolina Coelho. Feminista, mãe, escritora, poeta, dançarina, plantadora de árvores, pesquisadora e professora universitária
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A não-crônica do Maternar

Nós, mães, precisamos ser amaternadas urgentemente, antes que as dores do que não falamos se tornem doenças

Por Ana Carolina Coelho
14 jun 2022, 08h37

Essa é uma não-crônica do Maternar. É aquilo que guardamos sem falar: os sentimentos que as palavras “exaustão” e “cansaço” costumam dar lugar para que os subterrâneos de nossas emoções permaneçam sem tanta culpa. Todas as mães precisam de tempo e espaço, só que na esteira dos dias cada vez mais atarefados, só uma pequena e privilegiada parcela de nós conseguimos esse “respiro de vida”. 

A grande maioria continua nadando sem forças, sem barcos, sem apoio e sem possibilidade de parar, pois o naufrágio de si é nossa única certeza. Seguimos cuidando, dedicando, arrumando, carinhando, limpando, educando, cozinhando, trazendo, buscando e sufocando a vontade de dizer “eu preciso parar”. Nossas energias parecem para o mundo ilimitadas e somos constantemente chamadas de “guerreiras”, como uma convocação pressionada por uma sociedade calcada nesse modelo de maternar. 

Acontece que essa “não-crônica” quer justamente convocar as mães a repensar o custo desse não-falar. Esse é um preço que estamos aprendendo que não devemos mais aceitar. Amaternar significa justamente entender que não somos as únicas responsáveis pelos cuidados com as crianças e que a comunidade precisa se responsabilizar, muito mais do que como rede de apoio, mas como “tranças de cuidado”. E essa divisão de tarefas domésticas e de cuidados, além de desafiar o modelo tradicional da nossa sociedade ocidental é também uma maneira crítica e consciente de tornar a criança parte do mundo. “Somos parte de um todo e o todo nos compõe” é a ação e consequência política do “amaternar”. 

Nos dias de hoje estamos trabalhando até adoecer e adoecendo de tanto trabalhar. O ano de 2022 veio com tantas esperanças, e percebo um colapso coletivo em nossas capacidades afetivas e empáticas. Ao mesmo tempo vejo mulheres dizendo “se precisar, estou aqui” e muita solidariedade, mesmo que estejamos todas doloridas, falidas e desmoronando emocionalmente. Continuamos a nadar. Estamos debilitadas e urge o tempo de parar, falar e se preciso gritar para sermos ouvidas em nossas lutas. Se não nos “amaternarmos” agora, a única opção será recolher os escombros de nossa alma depois.

Essa é uma “não-crônica do maternar” porque nós, mães, precisamos ser amaternadas urgentemente, antes que as dores do que não falamos se tornem doenças que teremos obrigatoriamente que cuidar. Digo e repito: “Amaternar” é múltiplo e um conceito de que juntas podemos sempre mais, que ninguém precisa estar sozinha nessa jornada da criação e que somos parte de uma sociedade que pode ser muito mais colaborativa. Se queremos uma comunidade mais solidária precisamos urgentemente desindividualizar as tarefas dos cuidados e criar uma sociedade mais materna e amorosa na prática. É possível sermos melhores, sempre! Dias Mulheres virão!

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