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Carol Teixeira (@carolteixeira_) é filósofa, sacerdotisa tântrica e escritora

Espaço para o outro

O que não nos contam sobre a vida em casal: aceitar a alteridade de quem a gente ama é uma pequena revolução

Por Carol Teixeira
6 fev 2023, 08h10
Espaço para o outro
 (Alle Manzano/Divulgação)
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Deveriam ensinar na escola: quando se trata de casal, o espaço aproxima. Mas não nos ensinam a nos relacionar amorosamente, nem a nos comunicar. No lugar de exemplos saudáveis, só há filmes, livros, canções e toda uma cultura que cria um imaginário que leva a relações disfuncionais, mesmo tendo como objetivo anunciado o “felizes-para-sempre”. Você já pensou que pode ser justamente esse imaginário de conto de fadas que te levou às relações tóxicas que já teve?

Pensa comigo: a projeção e o pacto de “até que a morte nos separe” (como se a eternidade fosse a única coisa que legitimasse um amor) facilmente te levam a um relacionamento simbiótico, de controle e posse. Aguentar abusos emocionais? Vale. Passar por cima dos seus limites? Vale. Dar tudo de si? Vale.

Achar que vai mudar o outro sem perceber que, nesse processo, quem fica sugada é você? Vale. Afinal, você tem um ideal a alcançar. E isso, te disseram, é amor. Ciúme e brigas facilmente surgem da ideia de que possuo o outro, conceito amplamente celebrado na cosmologia do amor romântico. Assim como a ilusão de que controlamos o que o outro pensa, sente, faz com proibições e edições do todo que ele é.

Então, o que começa com beijos e juras de amor eterno se transforma em uma relação de seres sufocados, culpando uns aos outros por suas infelicidades, apontando dedos e tendo brigas que podem ter consequências traumáticas. Cada vez mais, vejo que acontece uma pequena revolução individual e no casal quando se aceita a alteridade de quem a gente ama, quando percebe-se que achar que controla o outro é uma guerra vã. Afinal, o outro é o outro com todo sua bagagem, criação, interpretação do mundo e sonhos.

Aqui, lembro de um capítulo de A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, em que ele lista uma série de conceitos-sentimentos-ideias e escreve sobre como cada um dos dois personagens (que, no livro, se relacionam) viam cada tópico. Claro que, na maior parte dos itens, a visão era completamente diferente: o que poderia ser gatilho de trauma para um, para o outro era a coisa mais almejada na relação. Intimidade, família, afeto e tantas outras coisas adquirem significados únicos a partir da vivência — e elas precisam ter seus sentidos individuais respeitados.

O imaginário de cada um precisa ser considerado. Precisamos dar espaço para o outro ser ele próprio de forma que se crie uma dialética amorosa saudável, fluida e construtiva. Todos nós merecemos nos manter inteiros apesar do amor. Respeitando o infinito que é o outro e tendo o infinito que somos respeitado, se cria o espaço que aproxima, que mantém o encanto e o suspiro, e, pasmem, o tal do romance que vem com muito mais verdade e potência quando enxerga esse terreno cultivado com o respeito e a poesia de dois seres plenos se somando, e não se subtraindo. Como diz Marianne Williamson, “o amor é uma iluminação e cabe a nós sermos melhores receptáculos para essa iluminação que é o amor”. Sejamos.

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