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Conversa de Vó

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Natália Dornellas é jornalista, podcaster e ativista da longevidade. Procura por avós e avôs para prosear e histórias de #avosidade para contar. É criadora do podcast Conversa de Vó e cofundadora da plataforma 40+ AsPerennials

Vó Zuleide confirma que o homem da sua vida pode estar em qualquer lugar

A colunista Natália Dornellas nos traz uma história de vó que é uma verdadeira história de amor

Por Natália Dornellas
Atualizado em 8 out 2021, 17h07 - Publicado em 8 out 2021, 17h05
Vó Zuleide
 (fotos/Arquivo pessoal)
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Mais que seguinetos, Dona Zuleide tem fãs. Aos 95 anos, essa vozinha de fala mansa e sorriso largo levava uma vida animadíssima com três grupos de amigas, na ensolarada Recife, quando a pandemia se instaurou em março de 2020. Ela, que antes ia para o bingo, saía para almoçar e brincava o Carnaval (sim, ela adorava “cirandar”) teve que ficar quietinha em casa com seu cachorro, fazendo atividades mais light como assistir TV, fazer palavras cruzadas, jogar baralho e ler.

Tudo mudou quando sua neta, que é publicitária, lhe apresentou ao mundo encantado dos vídeos de dancinhas e challenges, introduzindo a avó no Instagram (@zueleideazevedolima) e no Tik Tok, o arroba é o mesmo .

Nascida para brilhar, afinal é uma leonina arretada, vó Zuleide dedica seu fim de tarde a fazer as danças e se lançar aos desafios, com a ajuda da neta, claro. Cheia de desenvoltura, ela já brincou com os estereótipos sobre ser nordestina, fez tour mostrando seu apartamento e até abriu a nécessaire para falar dos produtos de beleza que usa no dia a dia.

Vó Zuleide
(fotos/Arquivo pessoal)

Para além do mundo virtual, ela tem uma história de vida de superação e muita, muita resiliência. Sofreu violência do segundo noivo, que de tão ciumento chegou a tentar matá-la com um tiro mal sucedido, e já não acreditava mais no amor, quando, em visita ao cemitério, conheceu seu grande amor. Ela passava dos 30 anos – o que para a época era sinal de que não se casaria mais – e tinha ido visitar o túmulo da família, enquanto que o pretendente, um homem simpático, de fala mansa, fora levar flores para a esposa.

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O primeiro encontro terminou com uma carona, outro absurdo para época, pois moça direita não poderia andar com um estranho, mas ela precisava acompanhar uma amiga numa cirurgia e foi com o viúvo que pegou carona para o hospital. Os pombinhos ficaram 6 meses sem se ver e se encontraram novamente na barraca de flores, ambos com destino ao danado do cemitério, porém com um detalhe: ele já não estava mais vestido de preto, o luto havia acabado e aí o amor pode entrar.

*Para ver mais histórias com esta e acompanhar minha “curadoria de avós e avós”, acesse  nataliadornellas.com.br ou @nataliadornellas, no Instagram. Ah, e se conhecer personagens que mereçam ter suas contadas, me deixe saber, por favor.

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