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Idealizadora do @namastreta, a jornalista Caroline Apple trilha o caminho da autorresponsabilidade nos relacionamentos
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Terminei um relacionamento tóxico. E agora?

Já reparou que não existe suporte que nos auxilie a ter uma relação saudável depois de viver uma furada?

Por Caroline Apple
23 ago 2022, 08h27
relacionamentos
O love bombing é uma prática de abuso psicológico (cottonbro/Pexels)
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Quando vivemos uma relação tóxica, não faltam conselhos dos amigos e da família, conteúdo sobre o tema, grupos de apoio na internet, indicação de terapia e tantas outras ferramentas que nos ajudam desde a identificar até, enfim, sair desse tipo de relação. Porém, infelizmente, não existe o mesmo aparato que nos auxilie a ter uma relação saudável depois de viver uma furada. Já reparou nisso?

Não é fácil sair de um relacionamento que nos intoxica, seja pelas atitudes da outra pessoa ou nossas também, mas quem disse que é fácil construir um relacionamento sadio em meio a tantos padrões de comportamento, com, muitas vezes, pouca ou nenhuma experiência pessoal e até mesmo referência no nosso entorno?

Enquanto não desenvolvi certa maturidade emocional, eu me relacionei com pessoas imaturas em graus bastante significativos. Isso significa que passei anos vivendo relacionamentos com muitos problemas – em todos eu tive minha parcela de responsabilidade, sem dúvida. Mas cansada de sofrer e de promover sofrimento, entrei num processo profundo de autoconhecimento o qual me trouxe a oportunidade de me sentir saudável para ter, enfim, uma relação sadia.

Mas sozinha estava fácil. Me sentia firme, comprometida comigo, sincera com os meus sentimentos e cheia de expectativas caso um dia voltasse a ter um relacionamento. Já tinha tudo calculado com base nas minhas experiências passadas. Então, essa oportunidade chegou mais cedo do que eu imaginava. E, na prática, o caldo entornou. Gatilhos mil. 

Me peguei precisando aprender a ponderar, a não me proteger tanto (gato escaldado, né?!), a não cair nos braços do medo de tudo se repetir e eu sofrer de novo, ficar atenta a ao autoboicote, lidar com as concessões necessárias numa convivência, respeitar o sentimento de outra pessoa por mais que eu ache melindre ou exagero, dividir minha atenção de forma equilibrada, sem me perder em meio a um mar de “ocitocina” em cada momento de união e conexão…ufa!

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Percebo que estou pelejando porque, a verdade, é que não sei me relacionar de forma saudável. Ninguém me ensinou. A vida que eu escolhi até então também não me promoveu essa oportunidade. Nunca passou pela minha cabeça ir até um casal que eu admirasse para perguntar o que eles faziam para ter uma relação mais harmoniosa. 

Na internet, os “manuais” de como ter um relacionamento sadio nunca consideram experiências passadas, a falta de inspiração e afins, gerando até um sentimento de culpa por não conseguirmos praticar o que parece tão “óbvio”.

As listas dizem: não tente controlar o outro, converse sobre tudo, desenvolva intimidade, não compare, busque equilíbrio, seja amiga da pessoa. Tudo muito legal, na teoria. A prática pede uma investigação íntima para descobrir o que nos impede de tomar essas atitudes. Não tem receita, mas a porta é sempre para dentro.

Esse tipo de relacionamento não vem em formato de “presentinho de Deus”, é um processo que exige empenho, autoconhecimento, disposição e muita coragem para fazer escolhas tão diferentes daquelas que estamos condicionadas.

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