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Projeto social na Amazônia redirecionou meu olhar e o meu trabalho

Duras realidades fizeram com que eu entendesse o meu propósito daqui para frente

Por Chloe d'Archemont
5 set 2022, 12h09
Chloe
Chloe em uma das rodas realizadas no Pará.  (Divulgação/Acervo pessoal)
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Fui convidada pelo Oliviero Pluviano a participar de um projeto social na Amazônia. Senti o chamado e fui. O projeto já existe há 10 anos, leva cinema, arte e cestas básicas para as comunidades carentes e ribeirinhas no interior do Pará. Um movimento lindo e necessário. 

Eu cheguei para somar como Psicóloga, astróloga e ativista social. Confesso que não sabia ao certo qual seria a minha missão nos próximos 15 dias que estavam por vir, mas estava certa de que as respostas seriam encontradas ao longo do processo. 

Fui com uma mochila, cheia de sonhos e uma mala cheia de argila para poder aplicar uma técnica que aprendi na faculdade que utiliza o corpo, a meditação e a arte (através da argila) como acesso profundo ao inconsciente. Essa técnica se chama PIPA (Produção imaginária, psicologia aplicada) e eu trabalhei com jovens da comunidade Parque da cidade no Rio de Janeiro entre 2013 e 2016 com o auxílio e supervisão do professor junguiano Álvaro Gouvea

Fui replicar essa vivência no Pará depois de 6 anos. Quando eu cheguei nas 10 comunidades no rio Paru, depois de três dias navegação, me deparei com o Brasil real. Pessoas simples, evangélicas, vivendo da pesca, mulheres donas de casa que sofrem abusos dos maridos e famílias com 5/6 filhos. Inicialmente, trabalhei com as crianças das comunidades que ficavam fascinadas com a possibilidade de “brincar de argila”. 

Fiz cerca de 10 rodas com vários tipos de crianças e muitos conteúdos interessantes saíram de cada uma. Trabalhamos com as crianças conceitos de autoamor, respeito, sonhos, medos, educação e outros infinitos temas que me fizeram refletir sobre a necessidade das crianças serem escutadas e acolhidas. Elas definitivamente são o nosso futuro. 

Percebi o quão conscientes são, independente da classe social e da distância da cidade grande mais próxima. Me emocionei profundamente e percebi o quão carente elas são de afeto e de olhar. Justificável visto a sua realidade. Mas não é exclusividade dessas crianças do Pará. As crianças das grandes cidades também são. Pela falta de tempo e interesse. 

Mas o que me chamou mais atenção, e foi o que eu busquei focar a partir da segunda semana, foram as mulheres que eu tive a oportunidade de encontrar nas comunidades. Mulheres fortes, mas com o olhar triste. Mulheres cheias de sintomas no corpo. Ombros fechados. 

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Me debrucei nessas mulheres e comecei a entrevistar algumas delas. O que me deparei foi com uma dura realidade. Não uma realidade que eu não tinha consciência de que existia, visto que vivemos em uma sociedade patriarcal, mas uma realidade triste de estar perto. 

Aos poucos, fui me dando conta que essa mesma realidade é vivenciada por muitas mulheres nas grandes cidades também. Eu inclusive me identifiquei com muito do que elas relataram, apesar de ter uma história de vida completamente diferente. Mas compartilhamos o fato de sermos mulheres. Me dei conta que por mais distante que elas fossem da minha própria realidade, elas relatavam abusos que toda mulher já sentiu em algum momento da vida. 

Muito angustiada com toda aquela vivência, comecei a fazer as rodas de meditação e argila com elas. Eu tive sede de aprender com aquela situação toda que se apresentada diante de mim. 

Quis ouvi-las e acolher cada uma por justamente saber que aquela luta é uma luta universal. Ao ouvi-las percebia o quão desconectas estavam de si. Do seu potencial. Da sua essência, mas principalmente da energia Yin (energia do feminino) e o quanto elas estavam inconscientemente buscando se masculinizar para poder ter voz. Muitas delas largaram o estudo aos 13/14 anos para serem mães e já estavam no seu 4/5 filho e os maridos distantes ou inexistentes. Elas davam conta do recado, mas para isso o preço era alto. Não se acessavam mais e ignoravam a energia do autocuidado, do silenciar a mente, do sentir seu corpo, seu ciclo. Elas se tornavam uma espécie de máquina sem brilho e sem essência para poder existir. 

Um processo triste. Mas que muitas mulheres sofrem para sobreviverem na nossa sociedade patriarcal. Eu busquei, através do meu trabalho, resgatar com essas mulheres a força do feminino. Da energia Yin. Meditamos, compartilhamos, intuímos, criamos novas possibilidades e realidade em roda entre mulheres. Essa prática de união entre as mulheres é milenar e eu sentia que elas acessavam o inconsciente coletivo e entendiam perfeitamente o que estávamos fazendo ali naquelas rodas. Foram rodas de cura. De acolhimento. E o mais interessante é que, após as rodas, observei que novas possibilidades se despertavam dentro delas e, por consequência, dentro de mim. 

Muitas delas compartilharam que gostariam de voltar a estudar, ir em busca da sua independência, gostariam de ter tempo para si, de se conectar com o seu feminino até para que pudessem evitar futura gravidez, visto que o nosso ciclo menstrual está vinculado ao ciclo da lua. O que as separava disso tudo é o fato de ignorarem as soluções. Não tiveram acesso. 

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Eu observei que a partir do convite que fiz delas acessarem a sua energia Yin, energia essa tão necessária para a nossa sociedade que está muito vinculada a energia Yang (do masculino) da ação, da concretização, do fogo, elas tiveram a oportunidade de pensar em novas possibilidades para si. 

Eu sei que não será em uma roda entre mulheres que as coisas serão solucionadas e transformadas, mas percebi o quão poderoso é oferecer esse espaço para as mulheres. O quanto estamos sedentas de sermos ouvidas, acolhidas para que possamos assim criar uma nova realidade para nós. 

Essa experiência foi dura, mas fez com que me desse a absoluta certeza de que ali em diante, meu trabalho seria com as mulheres e o despertar da energia Yin. Energia essa que também existe nos homens. Mas que eu acredito que inicialmente precisamos despertar nas mulheres para que sejamos capazes de ensinar aos homens. 

Já venho atendendo muitas mulheres de uns anos para cá, mas depois da experiência no Pará, algo em mim me fez ter a certeza do novo rumo do meu trabalho daqui para frente. Assim nasceu o Detox da Alma só para mulheres. Uma imersão de autoconhecimento exclusivamente para o público feminino que acontecerá na lua cheia do 07 a 09 de outubro, em Búzios, no vila da santa. 

Precisei de um soco no estômago para entender que essa é a minha nova missão. Fazer com que as mulheres se acessem, sejam capazes de silenciar a sua mente para poder ouvir o seu coração e acender a sua essência. Eu acredito muito que a cura vem através da energia do feminino e estou pronta para esse meu novo caminho. Sou grata ao Pará e a cada mulher que tive acesso. As suas duras realidades fizeram com que eu entendesse o meu propósito daqui para frente. 

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