O sepultamento do clitóris
Na maturidade, se a mulher não desceu para o play para gozar a vida, ela tem pressa
Sim, ele morreu. No corpo de muitas mulheres, vitimado pela falta de uso, pela espera em acionar o ponto G, por ter se perdido na floresta abaixo do umbigo.
Falo do prazer. Falo da tecla SAP que todas nós temos, mas, que na maturidade, se a mulher não desceu para o play para gozar a vida, ela tem pressa. Muita pressa. Pressa de sentir. Pressa de desfrutar. E nessa ânsia meio acelerada de resgatar o tempo perdido ela tropeça. Em homens misóginos, em homens comprados, em relações estranhas e vazias. Até mulheres cruzam seu caminho numa dança das aranhas. Não funciona.
E só depois dela tentar, tentar, tentar ela se dá conta que o maior órgão sexual que ela possui é a mente. Precisa abrir a caixa de Pandora e soltar os demônios enferrujados pela artrose da caretice, pela doença da moral e bons (?) costumes que impuseram a todos nós.
“Não senta de perna aberta. Não toca na pepeca. Não dá na primeira transa. Não se faça de vagaba. Não fica falada”. E do alto dos seus 50+ você entende que aquela sua amiga com fama de piranha, peguete, maçaneta dos homens, riu por último. Tinha fama de Geni, mas pelo menos sentiu. Pode ter passeado por camas errantes mas tentou. E muitas, filhas da sociedade casta e pura dos anos 50 e 60 se ferraram não dando chance ao prazer.
Ainda há tempo filha. Coloca aquele lingerie, um som manso, um vinho encorpado, luz carmim e se toca. Não precisa nem do outro. Comece por você – tipo oxigênio de avião e depois decole. Me conta o que o destino te reservou. Primeira classe, espero.