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Conheça redes femininas de sexo que ajudam na descoberta do prazer

A internet abriu as portas para mulheres interessadas em descobrir diversas formas de prazer e conhecer os próprios corpos

Por Nathalie Páiva
Atualizado em 16 mar 2021, 13h27 - Publicado em 13 mar 2021, 10h00
Mulheres usam redes sociais para trocar experiências sexuais
Mulheres usam redes sociais para trocar experiências sexuais ((Arte: Catarina Moura)/CLAUDIA)
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Ao longo da história, muitas mulheres foram privadas de conhecerem os próprios corpos e suas zonas de prazer. É fato que em muitas sociedades, o sexo é ligado ao pecado e o corpo feminino ao ato gerar filhos. Mas também é realidade que o sexo vem deixando de ser tabu em muitos contextos e redes formadas por mulheres têm tido um papel importante para ajudar na descoberta e na exploração da sexualidade.

Nas últimas semanas, a equipe de CLAUDIA falou com moderadoras de grupos de sexo para saber mais sobre a importância desse tipo de rede e como essa conexão vem ajudando mulheres. Um dos grupos é o Share your ppk, em que as meninas não só tiram dúvidas sobre sexo mas discutem sobre saúde, apoiam umas as outras nos mais variados temas que vão surgindo.

“A ideia inicial do grupo era para reunir mulheres a partir dos 35 anos, imaginava que os assuntos poderiam ser diferentes. Ao selecionar por faixa etária percebi que, por serem mais maduras, tinham dificuldade de expor suas dúvidas e falar sobre sexo. Ás vezes jogava perguntas para fazer elas se conhecerem e socializarem, mas a interação ainda estava sendo construída por isso a comunicação era difícil. Então tomei a decisão de abrir o espaço para maiores de 18 anos. Assim os assuntos ficaram mais diversificados e as conversas mais amplas”, conta Carina Palatnik, gestora de saúde, criadora e moderadora do grupo.

Sobre as regras do grupo, Carina diz que a única é o respeito. ” Nesse grupo, além de dúvidas referentes a sexualidade e sexo, também abordamos outras questões diversas que podem gerar discussões mais acaloradas. Por isso, em caso de desrespeito banimos a pessoa, posts e comentários para acabar de vez com qualquer conflito”, conta a profissional. Além do grupo, ela mantém  um canal sobre saúde no YouTube e um blog que, apesar de não ser voltado para bem-estar da mulher, vira e mexe traz o tema como pauta.

Na onda dos grupos Share yours (que traduzido para o português significa: Compartilhe o seu), encontramos Giovanna Camacho, estudante de serviço social, moderadora e criadora do grupo Share your sexo. “Criei o grupo para fazer amizades e conhecer gente nova, pois sou do Rio de Janeiro e meus contatos ficam mais nessa região. Eu queria amigas para fazer perguntas sobre questões femininas, inclusive sexo, e já fazia parte de grupos share your. Então resolvi criar o meu próprio na temática sexo, ciclo menstrual, coisas do coração e afins.”

Para entrar no Share your sexo, é necessário ser maior de 18 anos, ser mulher. Homens não são permitidos. “Mulheres LGBTQIA+ são mais que bem-vindas, só fazemos restrições de homens, porque o espaço que temos é totalmente feminino e não queremos que nenhuma participante se sinta envergonhada de compartilhar algo íntimo  por conta da presença de um homem.

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“Perfis fake já se passaram por meninas para entrar no grupo e espionar suas namoradas ou esposas, banimos a pessoa e explicamos as regras”, explica Giovanna.  De acordo com ela, a maior parte do público masculino que tem essas atitudes diz querer apenas saber o que faz de errado na hora satisfazerem melhor as parceiras.

Para saber ainda mais sobre conexões femininas, procuramos a Prazerela que oferece terapia orgástica a mulheres. Na sua rede social mais forte, o Instagram,  é permitida a interação de mulheres nos comentários. Quando possível, os moderadores sempre tiram dúvidas e motivam elas a se descobrirem cada vez mais. “Falamos da sexualidade da mulher, da importância do auto-toque e do prazer feminino.  A Prazerela nasceu da urgência de um espaço simbólico para falar dessas questões sem tabus, repressões e orientado à biografia pessoal de cada mulher”, conta Mariana Stock fundadora da iniciativa e gerente de marketing.

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A terapia orgástica oferecida pelo Prazerela  (valores devem ser consultados no site: https://prazerela.com.br/), antes da pandemia da Covid-19, era de forma presencial, mas agora é online. “Com isolamento social, não é possível o contato físico e, para isso, temos diversos cursos e conteúdos online que trabalham a desconstrução de tudo o que nos impede de sentir prazer orgástico e de viver. Nas aulas também é possível aprender sobre conexão com o próprio corpo. Além disso, oferecemos atendimentos online para elaboração de questões ligadas à sexualidade e conversa”, diz a fundadora.

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Uma dúvida comum é sobre a diferença da terapia orgástica para a tântrica. Para alguns profissionais, há diferença entre as duas terapias, mas isso vai depender do ponto de vista de quem estuda e aplica as práticas no cotidiano. Para Harize Lacerda, terapeuta holística, a tântrica integra a orgástica.

Ela pontua que o tantra vai além da sexualidade. “O tantra é muito mais que sexualidade. Na sessão terapêutica surge muito o medo de ser. Muitas mulheres ficam aprisionadas e sentem a necessidade de elaborar muito como devem agir, então perdem a naturalidade e ficam envoltas em uma nuvem de auto-julgamento. O tantra permite o resgate dessa espontaneidade”, explica.

Harize também ensina como mulheres podem fazer o auto-toque em casa. “Tudo começa com uma boa respiração, respire profundamente e coloque uma mão no coração e outra na região genital. Respire pela boca e solte pelo nariz liberando um som ahhh pela boca. Devagar comece a mexer a pelve. O som, movimento e respiração são um portal. A boca deve ficar levemente aberta, porque assim os genitais também relaxam”, explica.

Patrícia Lenza, 37, administradora de empresas, sempre teve dificuldade em encontrar o prazer pleno e satisfação nas relações sexuais. Também não sabia como conhecer o próprio corpo e se explorar. Percebeu que essas barreiras internas estavam atrapalhando até mesmo com os parceiros que teve na vida, inclusive o próprio marido.  Ao ser mãe, conseguiu ter o prazer pleno que nunca teve nas relações sexuais e, assim, começou a busca do auto-prazer.

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“Conversei com uma amiga que já tinha feito terapia orgástica e ela me ajudou muito a ter coragem de também fazer. Depois da minha primeira experiência tive várias mudanças na vida, que tenho certeza são parte do processo. Na segunda então, passei amar o mundo, me senti preenchida, vi que o poder estava em mim, na minha vagina, na minha energia sexual”, diz Patrícia.

Falamos com outra mulher que teve experiências em grupos de sexo e também com terapia orgástica, mas que preferiu manter sua identidade anônima. Ela contou como foi importante conversar com outras mulheres fora do seu convívio sobre terapia orgástica. “Fiz todo tipo de terapia individual, em conjunto, em grupos só de mulheres. Percebi que em um lugar sem pessoas conhecidas é, sim, mais fácil falar das experiências não só sexuais, mas também de vida. Principalmente quando só tem a presença feminina porque há muito acolhimento, temos experiências e situações muito semelhantes, fazemos trocas e formamos uma rede curamos, ajudamos umas às outras com as nossas histórias.”

Mas, até onde devemos compartilhar nossa intimidade em redes femininas? Segundo a sexóloga Cátia Damasceno os limites ser postos individualmente nessas redes. “Redes sociais são muito utilizadas para sanar dúvida e isso fica a critério de cada usuário, no que se refere à exposição. Eu acredito que tenha que ter um limite, mas isso é de cada um, porque uma vez exposto ali, aparece de tudo inclusive engraçadinhos se insinuando para as meninas. O bom senso precisa prevalecer não somente nas redes, na vida também né minha gente?”.

Quanto à facilidade que muitas mulheres encontram em se abrir mais com pessoas online, do que ao vivo no cotidiano, Cátia diz que é o medo do julgamento. “Geralmente o risco de ser julgada e condenada é bem menor com um desconhecido do que com aqueles com quem ela convive. O julgamento com toda certeza é o motivo principal.”

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Cátia também dá dicas de como investir no autoconhecimento.”É como sempre falo nos meus cursos, a mulher pode iniciar colocando o sexo como uma questão natural e necessária fisiologicamente, buscando conhecer seus sentimentos, desejos e medos, olhando e acolhendo sem julgamentos. Sempre digo: conheça seu corpo e ele te libertará, não precisamos ter medo de nos tocarmos”, salienta.

Além de sexóloga, Cátia também é empresária, fisioterapeuta, youtuber e especialista em ginástica íntima. Nas suas redes sociais ajuda mulheres e homens a se conhecerem e a saberem mais sobre sexo, sexualidade e prazer.

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Sexo para mulheres também pode ser falado em podcast e foi isso que Sofia Menegon, 28, youtuber e consultora de sexualidade fez. Ela criou a Louva a Deusa,  uma rede em que  mulheres podem tirar suas dúvidas e levar questões para serem postas em pauta. “Senti muito essa necessidade de um lugar para tirar dúvidas e onde mulheres se sintam livres para falar de sexo e sexualidade, assim nasce a Louva a Deusa, onde criamos vinculo até com nossas especialistas convidadas para levantar temas”, comenta Sofia.

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Sofia também criou um grupo no Telegram para mulheres contarem suas histórias, dúvidas sobre sexo e tudo mais que tiverem vontade. (Acesse aqui. E para ouvir o podcast e conhecer mais sobre a Louva a Deusa saiba mais por aqui.)

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