Minha idade não me define
Nossa idade não nos define e queremos andar tranquilamente no Brasil onde nascemos
Será? Coloquei outro dia um vestidinho podrinho, bem carioca, e não percebi que era dos idos 1980. Bem mais gorducha e larga, passei numa loja de rua, dessas de eletrodomésticos, e me vi refletida na TV 70 polegadas. Parecia uma criança grande, me achando Gabriela – toda faceira – mas com a bainha acima do joelho.
Tenho mais de 75 quilos, então chamar a atenção era bandeira. Flamejante diria. Ninguém me chamou de gostosa. Nem a fila de mendigos. O olhar era de reprovação. Como a grisalha podia dar uma de “Xóvem”? E estamos falando de Ipanema, galera. Não de terras Talibãs. Me senti vigiada. A amiga, animada com brinquedinhos adultos, resolveu mostrar pra filha trintona a nova piroca-blaster-mágica-
Já a vizinha quis colocar boca e foi ao dermato preencher os lábios flácidos. Voltou pimpona. Pra que? O marido ralhou. E nessa do movimento antietarismo estamos mexendo em vespeiro. Começamos pela moda, pelos procedimentos estéticos, pelos posts do insta, pela voz aumentada. Mas é cada paulada.
E olha que a velhice vai chegar pra todos. Pretos, brancos, indígenas, amarelos…. Lésbicas e gays vão envelhecer. Deficientes também. Ateus e carolas, idem. Então não seria o debate da velhice o mais importante? Só vejo censura. Tem umas sem filtro, como eu, que barbarizam na web. E acho que prestamos um super serviço a essa gente careta e covarde. Então deixa o povo brasileiro envelhecer em paz, sobretudo as mulheres. Nossa idade não nos define e queremos andar tranquilamente no Brasil onde nascemos. Tá ligado?