Nas livrarias, as prateleiras estão lotadas de livros de auto-ajuda. No YouTube, são tutoriais de vida. Coach é o novo preto e todos viraram -subitamente- doutores da alma.
No fim de semana conheci o evento Missão Fênix -uma jornada de conhecimento pessoal por meio da inteligência emocional. No começo achei tudo uma loucura. Mais de duas mil pessoas reunidas para um mergulho no ser com práticas de meditação, respiração, ginastica e repetições. Me senti numa espécie de praça soviética seguindo comandos de um líder. A maior parte dos pagantes era evangélica e, graças a essa renovação carismática, gritos de aleluias e améns ecoavam no salão de eventos da Barra da Tijuca.
Fiquei pasma com o que ouvi e vivi ali. Não era ruim. Era diferente. E escutei um pastor, uma ex-integrante de uma seita macabra, um coach, uma psicóloga especializada em hooponopono, ouvi cantos de louvores, depoimentos da plateia e testemunhos de novatos no local. Foi uma catarse de auto-perdão.
Escrevi em papéis imaginários as minhas culpas, soquei o ar com desafetos reais, esmaguei meu ego contra tudo o que não deu certo na minha vida. E vi mulheres maduras, muitas. Ao conversar com algumas, percebi que são chefe de lares, muitas avós e bisavós, mas com idade que distam da velhice.
São em sua maioria cinquentonas, sessentonas em busca de mais equilíbrio para lidar com esse mundo louco. E quer saber? No final das contas, eu já estava aos berros, com as mãos pra cima, agradecendo tudo de ruim que esbarrou meu caminho. Segundo o evento, só por meio da dor iria me transformar em alguém melhor. Será?
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