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Formafantasma: uma entrevista com a dupla de designers holandeses

A dupla de designers italianos Andrea Trimarchi e Simone Farresin formam o estúdio Formafantasma em Amsterdã na Holanda. Confira a entrevista abaixo

Por Luciana Benaduce Figueiredo
Atualizado em 25 Maio 2022, 16h54 - Publicado em 21 set 2015, 19h57
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1. Que influências trazem em seu repertório?

Nossa fascinação por objetos vem da sua capacidade de representar a história humana e até mesmo o futuro. O design deve questionar a cultura social e prever transformações. Apesar de nossos projetos partirem de uma estética particular, também resultam da junção dessas intuições e conceitos. Nós, como designers, somos um filtro de tudo. Nossos projetos são uma espécie de processo de destilação. Sempre sabemos por onde começar, mas nunca para onde estamos indo.

2. Algum artista ou designer o influenciou de alguma forma?

A inspiração muda de acordo com o que estamos trabalhando. Apesar disso, reverenciamos o trabalho dos Italian Radicals, movimento dos anos 1960. E o que nos inspira atualmente são as propostas inovadoras desenvolvidas na Itália. De uma maneira diferente, também admiramos as criações de Hella Jongerius.

3. Aonde buscam ideias ?

Como designers, cada vez que nós começamos um novo projeto ou investigamos um material, nossa primeira intenção é questionar os estereótipos e os clichês. Muitas vezes, mais do que dar soluções, nós lançamos perguntas ou possíveis alternativas. Com a coleção Botanica (encomendada pela Plart Foundation), por exemplo, nós investigamos polímeros pré-industriais e os traduzimos em uma coleção de vasos artesanais de plástico. Enquanto a evolução industrial têm substituído o material por polímeros à base de petróleo, nós decidimos valorizá-lo, moldando-o à mão. Acreditamos que o papel dos designers é responder às necessidades sociais e culturais de uma sociedade. Devem ser críticos e ter a capacidade de abrir possibilidades e novas formas de entendimento do design como uma disciplina.

4. Quem compra Formafantasma?

Nós não gostamos de pensar nas pessoas em termos de consumidores, mas sim como usuários. Em nenhuma circunstância o trabalho de designer que desenvolvemos é uma produção industrial. Assim, o nosso trabalho é menos sobre as necessidades do usuário e muito mais sobre o seu envolvimento, em uma conversa mais complexa sobre design e produção.

5. O trabalho de vocês como designers é bastante ousado e irreverente. Vocês têm preferência por algum tipo de para extravasar essa insolência?

Na realidade não. Acreditamos plenamente que não devemos ter quaisquer ideias preconcebidas em relação a materiais.

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6. O design holandês tem alguma marca especial?

A cultura geográfica está mudando e estamos gostando bastante. Vivemos na Holanda e os nossos relacionamentos são globais, mas as nossas referências são locais e inspiradas na cultura italiana basicamente. Mesmo assim, os assuntos que exploramos são contemporâneos, com uma relevância global e reconhecida. Com obras como “moulding tradition” ou “colony” investigamos a relação complexa entre a Itália e as regiões do norte da África. Esta foi uma maneira de explorar ideias como o patrimônio cultural e a identidade nacional. Nós não nos sentimos parte nem do contexto do design Italiano e nem do Holandês. Muitas vezes a identidade nacional é usada para categorizar o design. Contudo, voltando à sua pergunta, acho que estudar no “The Netherlands at Design Academy” melhorou nossa atitude crítica e conceitual. Design na Holanda tem menos relação com a indústria e muito mais com o desenvolvimento de uma prática independente.

7. Sua pesquisa no Monte Etna é um projeto muito interessante. Como foi esse processo de conectar uma cultura local e tradição a objetos?

Estamos muito interessados na ideia de um processo de produção conectado a uma localidade específica. Quando visitamos o Monte Etna, na Sicília, tivemos um estalo para investigar a lava como material. A coleção ganhou escultura de pedra de basalto (mesas e bancos), peças mais experimentais ( vasos e caixas de lava derretida) e outras têxteis, que misturam algodão e fibras de lava. Além disso, desenhamos um relógio desconstruído com três placas horizontais de basalto para representar a passagem de horas, minutos e segundos. Na visita ao vulcão, notamos que o tempo é um elemento totalmente visível nas diferentes camadas deixadas pela erupção. Resolvemos confrontar o tempo humano com o geológico. Enquanto a coleção se concentra em uma localidade específica, o projeto completo teve a colaboração de vários especialistas europeus: um cientista de pedras vulcânicas na Catânia, experimentos com lava e vidro do Glass Museum, de Leerdam, o Beregno Studio, de Murano, o vienense Carl Aubock em Viena e o Textile Museum, de Tilburgo. A coleção foi registrada pela fotógrafa Luisa Zanzani. A lava derretida nos remete aos primórdios da descoberta do vidro: um instável e misterioso material.

9. Como é o seu processo de criação?

A maioria dos trabalhos é encomendada. O ponto de partida pode ser uma amostra de um material ou um conceito que surgiu durante um trabalho anterior. Normalmente, um de nós impulsiona a primeira ideia e imediatamente começamos a discutir por horas e a trabalhar juntos nela. Não somos o tipo de designers que passa a maior parte do tempo rascunhando/desenhando formas… esse é o último passo. Partimos de um conceito e mais tarde criamos um arquivo de imagens e textos que nos ajudam a desenvolver a ideia inicial. Existe muita comunicação verbal e visual. Depois organizamos uma espécie de mapa visual na parede. A primeira maquete é quase um instante mágico: sempre encontramos objetos que temos em nossa casa ou estúdio que podemos usar; empilhamos para verificar a primeira proporção/escala e ter a primeira tradução em 3d de tudo que discutimos ( e argumentamos). Esse é um momento emocionante.

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