Fernando Jaeger comemora 40 anos de design ao lado da mulher, Yáskara
Parceiros no amor e nos negócios, os dois são responsáveis pelo sucesso da marca, conhecida por conciliar design autoral e acessível
Quem gosta de design e costuma estar por dentro de nomes e marcas, conhece o designer Fernando Jaeger. Mas, mesmo quem não tem proximidade com o assunto certamente já se deparou com algum móvel criado por ele. Isso porque atualmente, em todo o país, mais de 15 indústrias atuam diretamente com o profissional. Além disso, Fernando tem cinco lojas: quatro em São Paulo e uma no Rio de Janeiro.
As lojas estão divididas em duas linhas: Fernando Jaeger Atelier e FJ – Pronto pra levar! Na primeira, é onde o cliente pode participar da criação da peça, escolhendo acabamentos, medidas e tecidos e, por consequência, paga mais caro por isso. Já a segunda é uma linha que reúne peças prontas para levar para casa e com um preço final menor do que a outra. Em comum entre as duas, o traço atemporal do designer que se preocupa em fazer peças para durar.
Este ano, o profissional celebra 40 anos desde que começou a se aventurar pelo universo do design, sempre ao lado da mulher, Yáskara Idemori Jaeger. Companheira e sócia de Fernando, ela também é diretora criativa da marca, desde a estruturação do negócio, e trouxe a aproximação com o artesanato graças a seu olhar atento para o que o Brasil tem de melhor.
Para celebrar essa trajetória, será lançado o livro Fernando Jaeger – quatro décadas de design. Editada pela Monolito, a obra contempla a trajetória do designer, com histórias que também ultrapassam a figura do criador e apresentam a participação dos profissionais que dividem a direção da empresa e a execução dos projetos, principalmente de Yáskara, que conversou com a Casa Claudia para contar mais sobre seu trabalho em família. Confira!
Qual é a sua formação?
Yáskara: Sou arquiteta de formação. Estudei no Rio de Janeiro e, apesar de ter feito estágios durante a faculdade, quando me formei nos mudamos para São Paulo e não consegui emprego na minha área. Era início dos anos 1980 e as vagas eram disputadíssimas, vivíamos num cenário político bastante complicado e éramos recém chegados numa cidade bem diferente do Rio, sem amigos e familiares para nos dar apoio.
Como você começou a trabalhar com o Fernando Jaeger?
Fernando desfez uma sociedade e me chamou para ser sócia dele na empresa, no início dos anos 90. Nessa época, ele trabalhava exclusivamente com a Tok&Stok e queria ter uma carreira com maior independência. Apoiei integralmente essa decisão, me tornei sócia dele e transformamos o escritório da rua Cotoxó, na Vila Pompéia, num pequeno showroom. Tínhamos um grande cliente, que era exclusivamente cuidado pelo Fernando, e estávamos apostando no showroom com a intenção de divulgar o trabalho, até então, anônimo do Fernando. Foi um período de bastante trabalho, participamos de feiras, atendíamos clientes no showroom, cuidávamos de tudo.
Deu muito resultado e o espaço foi ficando pequeno. Nessa época, chamamos a Mirela, minha irmã e hoje nossa sócia, para nos ajudar. A empresa familiar começa a se moldar. Em 96 conseguimos alugar um galpão no bairro e abrimos a primeira loja. O ponto não era comercial, o bairro não tinha nenhuma loja de móveis, mas apesar de sermos constantemente questionados sobre isso, tínhamos certeza de que queríamos estar perto da nossa casa e dos nossos filhos.
Quando você se viu como diretora criativa da marca?
Há pouco tempo, conversando com um designer e contando um pouquinho da nossa trajetória ele me disse que eu era a diretora criativa da marca! Achei que me encaixava na definição. Um outro amigo que nos assessora na parte financeira e outros assuntos aleatórios gosta de brincar que o Fernando é o lado racional da empresa e eu sou a parte criativa e a mentora de novas ideias. Na verdade, hoje somos um grupo e a troca é imensa!
Como é a sua participação no desenvolvimento das coleções?
Durante muito tempo me dediquei a cuidar da loja com todas as demandas que uma loja exige: arrumar, atender, escolher tecidos, cores, combinações e tendências, melhorar a qualidade, implantar processos, etc. Paralelo a isso, sempre participei indiretamente do desenvolvimento dos produtos. Não sou uma designer de móveis e quase não ia nas indústrias e nem me envolvia em processos industriais, mas sempre me envolvi no processo criativo e suas vertentes.
Com o tempo e com a vinda dos meus 2 filhos, Marina e Felipe, para a empresa, me distanciei do dia a dia da loja e foquei mais na parte de criação. Durante a pandemia, criei e coordenei o desenvolvimento da linha de tapetes da marca, faço todas as produções de fotos, escolha e desenvolvimento de cores, tecidos, almofadas e objetos para as lojas e comecei a ir nas fábricas para acompanhar o desenvolvimento dos produtos.
Como é trabalhar em família?
Não é fácil trabalhar em família e essa é a resposta que todos que tem ou trabalham em empresa familiar irão responder. Mas eu adoro! É preciso cuidado e muito respeito para trabalhar em família e, com o tempo, fomos aprendendo a dar espaço para cada um. Temos três sócias nas lojas (irmã, cunhada, e amiga), um sócio (irmão), meu filho mais velho (Felipe) e minha filha do meio (Marina). Os assuntos se misturam e é inevitável isso não acontecer. Nossos almoços invariavelmente terminam com um assunto relacionado ao trabalho e se hoje temos nosso trabalho reconhecido, é justo que seja compartilhado com a nossa família!