Exposição revela a arquitetura e a vida da população ribeirinha do Pará
Móveis, objetos, pinturas, vídeos e fotografias compõem a mostra montada em uma tenda ao lado da Basílica Nossa Senhora de Nazaré, em Belém
O Brasil é um país tão grande e com uma cultura tão rica que acabamos não conhecendo todos os costumes e regiões do nosso território. Por isso, Carlos Alcantarino, designer paraense radicado no Rio de Janeiro, idealizou a exposição “Caboclos da Amazônia – Arquitetura, Design e Música” para levar os visitantes a uma verdadeira imersão na identidade desse povo pouco conhecido pelos brasileiros dos grandes centros. Vivenciar a floresta e o som de seus animais, encantar-se com a explosão de cores vibrantes das casas amazônicas e reverenciar as tradições do norte do país são algumas das experiências que ele preparou.
Montada em uma tenda de 400 m², no estacionamento da Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré, a exposição de Alcantarino recria, em seis diferentes áreas, a atmosfera dessa exuberante região brasileira, cercada por rios e floresta. “Nas recentes viagens ao Pará, eu detive o olhar nas casas coloridas à beira do rio, casas simples, mas de uma beleza única. Fotografei várias delas em vilas de pescadores e pequenos lugarejos. Com base nesses registros, percebi que eu poderia agregar outras expressões artísticas nessa pesquisa”, afirma.
Uma delas está representada nas letras que nomeiam os barcos amazônicos. “Esse é um legado passado de pai para filho, que intuitivamente revela uma identidade gráfica”, diz ele. Batizada Sala das Letras, a área foi pintada com nomes de embarcações e com a paisagem local por pintores de diferentes municípios. A pesquisadora Fernanda Martins, do projeto Letras que Flutuam, assina a curadoria do espaço. Desde 2004, Fernanda mapeia o trabalho desses artistas, conhecidos, no estado, como ‘abridores de letras’.
Outra sala, dedicada à arquitetura e pintada em tons pastel, reúne 103 fotografias das fachadas das casas de Vila do Céu, Afuá, Cajuína e Pesqueiro, todas na Ilha de Marajó, e Ilha do Combu.
Na Sala Interiores, o destaque é a decoração dessas residências, com 16 fotografias expostas em backlights, o que ajuda a enfatizar o exagero das cores empregadas em paredes, móveis e tecidos.
Há ainda uma área para instalações com os objetos de uso cotidiano do caboclo e outra, com vídeos, para evidenciar os ritmos apreciados no estado. “Mostramos o Carimbó, dança de roda típica do Pará, marcada com tambor; a Guitarrada, um gênero musical, no qual a guitarra faz solo com outros ritmos locais; e as Festas de Aparelhagens, formadas por grandes estruturas sonoras e de iluminação, que reproduzem o repertório tecnobrega”, conta Alcantarino. “Essas são as trilhas musicais selecionadas para esse conjunto, oriundo do mais puro sentimento caboclo.”
Caboclos da Amazônia – Arquitetura, Design e Música
Data: até 19 de junho
Local: no estacionamento da Basílica de Nazaré, em Belém do Pará
Projeto, coordenação e curadoria: Carlos Alcantarino
Fotografias: Carlos Alcantarino