Casa em Minas Gerais tem jardim com mais de 400 espécies raras
O artista plástico João Machado construiu em Visconde de Mauá, Minas Gerais, a Villa Mandaçaia, um refúgio inspirado no charme dos gîtes do sul da França
João Machado cresceu entre as telas e os pincéis do ateliê do pai – o artista plástico Juarez Machado –, em Paris, e os campos de lavanda e girassóis do sul da França, onde passava longas temporadas. Nas férias, vinha para o Brasil e, numa das estadias, resolveu iniciar um sonho antigo: comprar um terreno nas montanhas e nele criar um horto botânico, com sementes garimpadas no mundo todo.
O local escolhido fica na parte mineira de Visconde de Mauá, numa área vizinha à Cachoeira Santa Clara, a mais de 1 mil metros de altura. “A princípio, não pensei em me mudar para cá. Ainda vivia em Paris, trabalhando como curador de uma galeria de arte. Só queria um lugar para ter uma coleção de plantas. Por isso, construí um chalé pré-fabricado, meu pouso, que levantei em quatro dias”, conta. Aos poucos, entre idas e vindas, ele plantou 400 espécies raras, principalmente frutíferas. E viu seu paraíso particular ganhar forma.
Há exatos quatro anos, João chegou para ficar. Conheceu a bailarina uruguaia Arasy Benitez e juntos começaram a incrementar o sonho inicial. “Ergui então acasa, o ateliê e a estufa. Tudo com o capricho de quem buscava algo muito especial, uma roça com jeito de Provença, um jardim com uma atmosfera mágica”, conta João.
“Tomei cuidado para não preencher demais os espaços. Venho de uma família que gosta de acumular. Minha mãe, a decoradora Eliane Carvalho, coleciona de tudo e sempre vivi em ambientes repletos de objetos com personalidade. Procurei aqui privilegiar apenas o essencial”, completa.
O projeto cresceu, tomou forma com paredes de pedra e madeira de demolição e esquadrias de ferro e ganhou o nome de Villa Mandaçaia. Hoje, o local recebe até hóspedes – apenas um casal por vez – e inclui um restaurante exclusivo, onde são preparados pratos com as espécies e os temperos colhidos no jardim.
“Montei a casa com material descartado, que comprei em fazendas centenárias. Queria que os cômodos fossem impregnados de história e da atmosfera local”, explica. Além de cuidar da propriedade, o foco de João está em sua produção artística, que inclui cerâmicas, esculturas e telas.
“Acabei de montar uma exposição em São Paulo, na Galeria Nicoli. Um sinal de que meu trabalho está dando frutos. As cerâmicas também já estão espalhadas por várias lojas bacanas. De Visconde de Mauá, estou conseguindo ganhar o mundo”, afirma.