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As estampas surreais destes designers escoceses

O tom onírico das figuras criadas pelos escoceses Paul Simmons e Alistair McAuley é o máximo

Por Texto Liége Copstein | Fotos Divulgação
22 out 2015, 18h29
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Com nome e astral de celebridade punk, o estúdio Timorous Beasties quer apimentar o universo têxtil. “O minimalismo é uma boa solução entre as várias possíveis, mas, se o mundo inteiro fosse clean, seria muito chato!”, brinca Alistair. Requisitada para dar cara nova a objetos tão díspares como latas de biscoito, caudas de aeronaves comerciais, azulejos e tecidos de décor, a inquieta dupla ainda figura nos acervos do Instituto de Arte de Chicago e do Victoria and Albert Museum (V&A), em Londres. Dê um mergulho nesse universo surreal.

As estampas surreais destes designers escoceses

O trabalho do estúdio parece ter a proposta de inserir arte no design, é isso mesmo?

Designers têm tudo a ver com fazer concessões e assumir compromissos (trabalhar com especificações e prazos, atender necessidades dos clientes, etc…). Artistas são completamente descompromissados. Nós adoramos compromissos, então acho que somos mais designers que artistas.

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Aparentemente, o minimalismo – uma grande tendência contemporânea – não é a maior preocupação do Timorous Beasties. Na sua opinião, o que a maioria das pessoas deseja ter em suas casas hoje?

O minimalismo é uma solução entre muitas, mas se o mundo inteiro fosse minimalista seria meio aborrecido. Numa analogia com a arte, se toda galeria tivesse sempre o mesmo tipo de obra, será que iríamos visitá-las com frequência? Não acreditamos numa solução única para atender a todos.

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Seus padrões estampam paredes, latas de biscoitos e até caudas de aviões (a dupla desenhou para a companhia aérea Netjets). Como é feita a pesquisa para decorar objetos tão diversos e específicos?

Quando pensamos na superfície em que as estampas serão aplicadas, temos que considerar literalmente tudo – função, a imagem pública da empresa, a marca, e tentar conciliar tudo para chegar às melhores escolhas. No caso do aviões, por exemplo, tínhamos que começar do conceito de “vôo”, claro, mas tivemos que pensar também em sutileza e sofisticação (afinal, é uma companhia de jatos privativos), então mais do que pássaros, que seria óbvio, pensamos em mariposas, e mais do que um vôo em movimento, imaginamos as aeronaves calmamente pousadas. Não queríamos uma visualização rápida dos insetos, por isso imaginamos suas asas formando um padrão do tipo espinha-de-peixe, como uma referência aos antigos tecidos da era elizabetana e também como uma leve referência ao zigue-zague da Missoni, a fim de delinear uma referência visual para o público. Acho que foi a escolha certa. Gostamos do resultado.

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Qual o papel da natureza no processo criativo do Timorous Beasties e como isso se relaciona com o atual foco mundial na sustentabilidade?

A natureza nos importa como um reflexo de toda a beleza que existe no planeta, mas também a utilizamos para criar metáforas sobre o lado cruel e negro dela própria. Tecidos, papéis de parede e padronagens têm uma longa história de representação da natureza na maioria das culturas e essa é a referência que buscamos. Nosso objetivo, contudo, não é levantar a bandeira da sustentabilidade, embora ela seja uma preocupação constante de todos atualmente. Nós sempre escolhemos a via mais sustentável possível, nossos papéis de parede são feitos de polpa de madeira reflorestada e nossas tintas são à base de água. É mais importante agir pela sustentabilidade do que simplesmente falar sobre ela.

Como o fato de serem escoceses é representado ou influencia seu trabalho? Isso faz alguma diferença?

Foi um escritor escocês, James Boswell (1740-1795), que primeiro intitulou-se “cidadão do mundo”, e ele desprezava a noção de patriotismo. É importante ser “local” nas suas atividades, e “global” no modo de olhar o mundo. Com certeza, ser escoceses nos influenciou de alguma forma, mas isso não é tão relevante no resultado.

Confira um vídeo que fala do trabalho do estúdio Timorous Beasties

Imagens do cotidiano – mesmo detalhes perturbadores, como a crueza das caçadas – povoam os tradicionais tecidos da era vitoriana no Reino Unido, os toiles. Esse olhar é resgatado pelos Timorous Beasties em seu pequeno estúdio em Glasgow, onde dramas do dia a dia urbano aparecem despretensiosamente retratados.  “Trabalhar estampas inclui criar em todas as etapas do processo, desenhando e pintando”, revela Paul Simmons. “E nossa estrutura básica permite produzir alternadamente qualquer coisa, de canecas a grandes painéis, o que não seria possível num esquema industrial”, conclui Alistair McCauley. 

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