Admiráveis brechós
Um passeio por brechós de móveis pode render belas compras para a casa.
Peças exclusivas, algumas assinadas por designers consagrados, ficam ao alcance do bolso e compõem uma charmosa miscelânea de estilos para montar ambientes com personalidade. Aqui, quatro profissionais do mundo da decoração, habitués de endereços curiosos, dão dicas preciosas de como garimpar bem e usar estas peças na decoração. Nas mãos de Galeazzo, Maristela, Antonio e Marina, itens carregados de história ganham um toque contemporâneo.
Bom gosto apurado
Acostumado a reinventar as peças de segunda mão com uma pegada mais moderna, o designer de interiores Fabio Galeazzo (tel. 11/3064-5306) tem olhar generoso. Vislumbra poesia onde qualquer mortal enxergaria uma quinquilharia. Sempre atento, já parou até carroceiro na rua para resgatar um pendente enferrujado, logo depois transformado em castiçal de chão. Das viagens a Nova York, costuma trazer mimos milk glass dos anos 1920, 30 e 40, achados em feirinhas de rua. Assim, com paciência, organizou o precioso acervo, que agora enche de graça a parede de seu estúdio. “Vale a pena ficar amigo do dono do brechó e aprender mais sobre esse universo”, ensina.
Viagem no tempo
Nos projetos assinados por Maristela Gorayeb (tel. 11/9946-2918), as peças restauradas promovem um quê de nostalgia. “Algumas possibilitam uma releitura mais contemporânea sem perder de vista a época original”, diz. A designer de interiores ama explorar as pilhas de móveis, luminárias e adereços para descobrir preciosidades de jacarandá maciço. Note as duas chaises (foto). A estrutura envernizada foi lixada, revelando os veios naturais da madeira, que recebeu acabamento de cera pura de abelha e assento revestido de chenile. Maristela teve apenas um cuidado na hora da compra: verificar se havia algum defeito que inviabilizasse a reforma.
Objetos do desejo
O apartamento do arquiteto Antonio Ferreira Jr. (tel. 11/3289-5066) foi montado com uma infinidade de peças de brechó. Destaque para o aparador dos anos 1960, de imbuia, que apóia luminária de latão e cúpula de alumínio trazida da Suíça. “Como não são mais fabricadas, hoje são peças únicas, que dão personalidade à decoração”, afirma. Fã de mobiliário brasileiro dos anos 1960, ele gosta de discorrer sobre o design dos grandes nomes desse período – Zanine Caldas, Geraldo de Barros, Sérgio Rodrigues e Jorge Zalszupin. Além de belos, primavam pela ergometria perfeita. Uma prova de autenticidade das peças? “Quando a madeira é jacarandá ou caviúna.”
Autenticidade em alta
Nada como uma peça vintage para conferir originalidade a um ambiente. Marina Linhares (tel. 11/3052-3738) acredita nessa idéia. Dê uma olhada na antiga cômoda de jacarandá achada em um brechó. Antes de ganhar uma delicada pintura feita a mão, inspirada nos clássicos móveis ingleses para decorar o quarto das filhas, a peça passeou por outros cantos da casa, onde apoiou objetos e deu força à atmosfera de aconchego de que a arquiteta tanto gosta. “Só fecho o negócio se a estrutura do móvel estiver praticamente intacta. Não aceito rachaduras, nem as microscópicas. Também supervisiono a restauração de perto para garantir um bom resultado”, diz Marina.