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Currículos digitais abrem espaço para dona de casa e licença-maternidade

Entenda a importância da ação para as mulheres no mercado de trabalho

Por Sarah Catherine Seles
Atualizado em 3 Maio 2021, 11h26 - Publicado em 3 Maio 2021, 09h54
mãe trabalhando
Os desafios enfrentados diariamente pelas mulheres na pandemia. (RichLegg/Getty Images)
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As consequências da pandemia de Covid-19 afetaram fortemente as mulheres no mercado de trabalho. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego entre as profissionais subiu 3,3%, já entre os homens a taxa cresceu 2,7%. A Oxfam International divulgou um estudo mostrando que as mulheres perderam mais de 64 milhões de empregos em 2020. 

“As consequências econômicas da pandemia de Covid-19 estão tendo um impacto mais forte sobre as mulheres, que estão desproporcionalmente representadas em setores que oferecem baixos salários, poucos benefícios e empregos menos seguros”, afirma a diretora executiva da Oxfam International, Gabriela Bucher.

A já exaustiva  jornada dupla se tornou tripla ou até quarta com a rotina imposta pelo coronavírus. As que já trabalhavam em casa também possuem mais demandas a cumprir. As responsabilidades do lar e com os filhos também cresceram em meio a quarentena, o que afeta diretamente a vida profissional delas. 

Assim, a importância de haver um espaço no currículo para a profissão dona de casa e até licença-maternidade se tornou cada vez mais evidente. Pensando nisso, o LinkedIn e Currículo Lattes incluíram esse espaço, que costumava ficar em branco. 

No Lattes já é possível incluir o período de licença-maternidade desde o dia 15 de abril. A nota divulgada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) afirma que “essa evolução tem o objetivo de atender a demandas de representantes da comunidade científica e de instituições parceiras, sobretudo do Movimento Parent in Science (…)”, que luta e debate sobre a maternidade e a ciência no Brasil.

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Já no LinkedIn a mudança ocorrerá de forma gradual no início de maio para as usuárias da plataforma que queiram incluir a profissão dona de casa no currículo. Ricardo Wright, gerente de novos negócios no LinkedIn, afirma que a plataforma está em constante contato com os usuários para compreender as demandas e mudanças necessárias. 

“Nosso objetivo é criar um ambiente onde todos e todas possam se expressar e contar suas jornadas profissionais da maneira que desejam, além de usarem as ferramentas do LinkedIn para retratar quem são com autenticidade”, aponta Ricardo. O gerente revela ainda que estão trabalhando para que haja espaço para outras formas de trabalho e períodos de licença-maternidade na plataforma.

“É uma maneira de proporcionar uma experiência mais inclusiva para nossa comunidade e reconhecer as diferentes realidades que existem, seja ela trabalhando em uma organização, produzindo conteúdo ou usando a rede para ofertar serviços. Queremos que todos se sintam acolhidos na nossa rede”, conclui Ricardo.

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Mulheres no mercado de trabalho

A psicóloga Flávia Boschini, que trabalha na área de Recursos Humanos há mais de 20 anos, considera que essas mudanças são essenciais. “Na minha opinião, como mãe e profissional, o impacto é positivo e vai gerar visibilidade de uma função que planeja, organiza, administra, executa, tem senso de dono e ainda assim não tinha valorização”, afirma.

A psicóloga ainda aponta que as empresas enxergam negativamente as lacunas que ficavam no currículo com a falta de espaço para licença-maternidade ou para profissão dona de casa. 

“Currículo Vitae significa trajetória de vida, por tanto a atividade de casa faz parte da vivência profissional. Toda experiência é enriquecedora para qualquer profissão”, conclui Flávia.

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Além disso, as mulheres enfrentam dificuldade e desigualdade de gênero no mercado de trabalho. De acordo com uma pesquisa realizada pelo InfoJobs, com base nas respostas de 3 mil profissionais cadastrados, 73,7% das mulheres sentem a necessidade de serem mais qualificadas do que os homens para chegarem a cargos de liderança.

Segundo o levantamento, 51,1% das profissionais já enfrentaram algum tipo de preconceito no mercado de trabalho, enquanto 85,8% das entrevistadas enfrentam jornada dupla de trabalho, com emprego e as atividades domésticas.

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