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GebRaa: uma nova espécie da empresa é criada por uma egípcia

Uma empresária socialmente consciente adota uma abordagem sistêmica para trazer mudanças ao Egito

Por Mohamed Elporame
Atualizado em 8 mar 2018, 03h47 - Publicado em 8 mar 2018, 00h01
 (GebRaa/Reprodução)
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Certos empreendedores sociais geram empregos; outros trabalham para preservar o patrimônio cultural ou salvar o meio ambiente. Rania Salah Seddik, a fundadora de 35 anos de GebRaa para Tesouros Egípcios, faz as três coisas – e muito mais.

Não demorou muito para que encontrasse sua vocação. Depois de obter diplomas em economia e políticas culturais, ela trabalhou e se candidatou em uma longa lista de organizações nacionais e internacionais, da USAID e dos Médicos sem Fronteiras até a UNICEF, sempre se esforçando para promover o bem-estar social e econômico. Em 2008, ela já havia descoberto como reunir todas as suas paixões: ela criaria uma empresa que venderia artesanatos produzidos de forma sustentável por artesãos egípcios.

Depois de escolher o nome GebRaa – “Geb”é a Terra do Egito, “Raa” é o sol do Egito –, ela começou a cruzar o país para encontrar artesãos que ainda praticavam artesanato tradicional, alguns que remontavam há milhares de anos. Em suas viagens, ela descobriu caixas de madeira com complexas marchetarias de madrepérola; vidro soprado em cores vibrantes; apliques de tecidos outrora usados em tendas do deserto; têxteis trançados à mão e bordados finos. Cada um tinha uma história incrível, e ela aprendeu tudo o que podia.

Ela também descobriu a precariedade de muitos desses artesanatos – um artesão especializado em marchetaria de madrepérola tinha apenas agora cinco de seus 40 funcionários. Entre as muitas causas desse declínio estava a falta de apreciação dos egípcios por seu próprio patrimônio, sua incapacidade de pagar pelos bens de maior qualidade e a inundação de reproduções chinesas e baratas vendidas a turistas.

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(Omar Abdel Moneim/Reprodução)

Seddik sabia que para trazer mudanças duradouras ela teria que adotar uma abordagem holística; seu objetivo era ajudar os artesãos a agilizar e adaptar a produção para aumentar a lucratividade e encontrar novos mercados internacionais para suas criações.

Era ambicioso, mas os benefícios em potencial eram consideráveis. De forma mais geral, sua iniciativa ajudaria a preservar a cultura egípcia e apoiar a diversidade cultural em todo o mundo. Localmente, daria aos artesãos mais renda, respeito e status em suas comunidades, permitindo que transmitissem suas habilidades para gerações mais jovens e gerassem empregos. “Eu sabia que se eu conseguisse criar trabalho para os artesãos em suas cidades ou arraiais, eles não teriam que migrar para o Cairo ou mesmo para outro país”, disse Seddik.

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Ela era experiente o suficiente para saber que os objetos tradicionais precisariam ser ajustados para atrair uma clientela internacional sofisticada, então ela contratou um designer para trabalhar com os artesãos (mais recentemente, ela lançou toda uma linha de decoração de casa da GebRaa). Ela também sabia que assegurar-se de que os produtos fossem ecológicos, 100% egípcios e oriundos de comércio justo seriam importantes pontos de venda.

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(GebRaa/Reprodução)
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Depois de estudar várias opções, Seddik tomou a firme decisão comercial de evitar vendas no varejo em favor dos negócios diretamente de empresa para empresa (B2B), frequentando feiras internacionais de comércios e comercializando seus produtos com importadores, distribuidores e galeristas –  ela agora vende para os Estados Unidos, a Europa e o Líbano. No Egito, as criações da GebRaa são vendidas nas lojas duty-free do aeroporto e nos mercados de artesanato de luxo, e as empresas geralmente as encomendam como presentes corporativos. Atualmente, ela está investindo para que seu site se torne uma ferramenta B2B que atenderá a clientes tanto no Egito quanto no exterior.

Apesar de a GebRaa já ter saído do vermelho (ela deu lucro pela primeira vez em 2017, em um faturamento anual de 300 000 EGP), o sucesso não foi fácil e é um testemunho da bravura e da tenacidade de sua fundadora. Em 2011, Seddik conseguiu fazer sua iniciativa decolar graças a um prêmio SEED de USD $ 8 mil por Empreendedorismo em Desenvolvimento Sustentável. “Mas tudo ainda era muito difícil”, ela lembra. “Então eu entrei numa competição do Banco Mundial e ganhei USD $ 25 mil. Isso me ajudou a relançar meu projeto em uma escala maior. Recrutei alguns funcionários e encontrei vários artesãos em outras províncias egípcias. Também entrei em contato com membros da diáspora egípcia para me ajudar a encontrar mercados para nossos produtos”.

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(GebRaa/Reprodução)
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Desde 2014, a GebRaa tem sede no campus GrEEK, o primeiro parque de tecnologia e inovação do Cairo. Ela atualmente tem uma equipe de quatro funcionários, três estagiários e um batalhão de profissionais independentes. Sua meta é que a GebRaa seja um trampolim para outras iniciativas; ela já lançou a Fundação Karama, cuja missão é promover novas gerações de artesãos através de estágios e programas de educação continuada. “Recebemos recentemente uma doação de USD $ 250 mil da Fundação Drosos para ajudar a reavivar o artesanato egípcio com marchetaria”, disse ela com satisfação. “Tudo o que precisamos agora é de aprovação do governo”.

Mais a longo prazo, Seddik espera que a Karama (que significa “dignidade”) ajude a atender às necessidades básicas das comunidades onde os artesãos vivem e trabalham: água potável, sistemas de esgoto, educação. Em última instância, ela adoraria ver a GebRaa ganhar dinheiro suficiente para financiar muito do trabalho da Karama, fechando assim o círculo que começa com o artesão sentado em seu tear ou bancada de trabalho…

*Por Mohamed Elporame por Al Masry Al Youm

*Neste Dia da Mulher, CLAUDIA participa da ação internacional Women in Businesses For Good, da iniciativa social Sparknews, que visa
revelar inovações impactantes criadas por mulheres e seu potencial de ampliação ou replicação em outros países. #WB4G

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